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quinta-feira, 5 de março de 2015

"Birdman (ou a inesperada virtude da ignorância)": Hollywood novamente desnudada

O cinema gosta imensamente de falar sobre si. Os filmes que se voltam ao aparato produtor das imagens cinematográficas nasceram praticamente com o advento da arte. Antes de uma consolidada obra-prima como “O homem da câmera” (1928, Dziga Vertov), proliferaram-se as fitas de maior ou menor duração e qualidade atentas ao dispositivo fílmico, a esmiuçarem ora os perigos se se ser flagrado pela câmera (cinematográfica ou fotográfica); ora o fascínio gerado pelas imagens (ou a máquina que as produzia). 
Antes de trajar as vestes de seu notório vagabundo, Charlie Chaplin deixa-se filmar passando e repassando defronte da câmera que registrava certo evento automobilístico, a atrapalhar o trabalho do operador e a corrida. O filme, Kid auto races at Venice, data de um século. Depois dele, outros tantos – vários protagonizados por Chaplin – se debruçariam sobre a questão, procurando num só tempo romper com a ilusão de realidade criada pela câmera e sublinhar o papel da indústria criadora de ilusões, a transformar gente comum, sarrafos e papelão em vidas e mundos tão deleitantes. 
O potente imaginário criado pela sétima arte deu pasto a algumas reflexões críticas – também transformadas em películas – de grande agudeza. Uma das mais eloquentes é “Crepúsculo dos deuses” (Sunset Boulevard, Billy Wilder, 1950) - muito amado e já resenhado por esta que vos fala – retrato ácido do mundo das estrelas cinematográficas decaídas. 
A metalinguagem atinge ali o mais alto grau, porque a estrela em questão - Norma Desmond – é desempenhada por uma das principais atrizes do cinema silencioso, por vinte anos legada ao ostracismo: Gloria Swanson. Além disso, dividem com ela a cena figuras celebérrimas dos anos 20, igualmente esquecidas nos 50, como o cômico Buster Keaton e o diretor Eric Von Stroheim (este, o ex-marido e o mordomo que mima a megalomania da personagem da atriz, no filme). Sunset Boulevard revela o que jazia para além do mundo luzidio que o cinema norte-americano criava: o esquecimento, a loucura e a morte. 
O recuo temporal é pródigo para operar essas investigações críticas. Foi assim com o filme de Billy Wilder - que, nos anos 50, volta olhos aos atros do cinema silencioso, destronado no fim dos anos 20. E é assim com Alejandro Iñarritu, cujo Birdman (ou a inesperada virtude da ignorância) investiga o cotidiano de um decadente ex-super-herói de blockbuster norte-americano. 
Também vinte anos separam a ascensão da queda. Mais que o tempo do desenrolar de uma geração, o período em questão marca uma ruptura no modus operandi da indústria cinematográfica. Birdman é o Crepúsculo dos Deuses da nossa Era. 
Na obra de Iñarritu, a transição pontua-se pelo advento da tecnologia digital: a imagem fidelíssima da realidade – embora paradoxalmente composta de combinações numéricas destituídas de qualquer humanidade – a obrigar o artista às intervenções cirúrgicas que, ao rejuvenescerem-no, transformam-no num arremedo de si mesmo; as redes sociais, a criarem e destruírem reputações no espaço de dias (a lógica “viral” da nossa sociedade contemporânea, para a qual o “sucesso” torna-se um fim em si mesmo, pouco importando o motivo); a excelência técnica que permite a criação dos universos outrora apenas sonhados pelos quadrinhos, cooptando grandes intérpretes dramáticos à realização de fantasias adolescentes. 
Birdman não é um ser, é uma máscara: contemporâneo aos super-heróis cujas existências e estripolias foram tornadas possíveis pela tecnologia, como Superman ou Batman – este último, aliás, outrora protagonizado pelo intérprete que dá vida à Birdman, Michael Keaton, escolha simbólica que aproxima esta obra da de Wilder. 
Birdman, como Norma Desmond, são alter-egos não apenas de Keaton e Swanson, mas de um amplo corpus humano produzido pela indústria cinematográfica, rapidamente rotulado e descartado tão logo pare de corresponder às expectativas de lucro dela. 
A perspectiva de se transformarem artistas em simples mercadorias para o rápido consumo e descarte das massas é dilacerante. Porém, a equação é complexa, e Iñarritu ilumina com maestria as várias facetas da questão. Na superfície, Keaton-Riggan-Birdman é um objeto de sucesso midiático: narcisista ao extremo, incapaz, por exemplo, de aceitar repreendas a certo medíocre trabalho que realizara. Perde a esposa que lhe critica a obra por confundir, segundo ela, amor com admiração. É, pois, o retrato verossímil de um sem número de artistas mimados, mais talentosos ou menos, porém infantilizados e carentes, aos quais os amigos devem se comportar como séquito para serem admitidos no seu entorno. 
No entanto, debaixo dessa superfície putrefata – que bem ou mal é produto da indústria – jaz um caudaloso rio de insuspeitada profundidade, onde o lodo e os belos exemplares marinhos disputam espaço ombro a ombro. Donde a “inesperada virtude da ignorância” do título. Ao longo do filme, Riggan revelará sua alma complexa. Por detrás da megalomania explícita deste has-been que deseja ascender culturalmente da Hollywood à Broadway, atuando para isso como ator principal, diretor e adaptador da obra literária que deseja levar à cena, há um homem movido pela intuição, cheio de um entusiasmo juvenil, a recusar terminantemente o rótulo que lhe dera (e ainda poderia lhe dar) fama e fortuna para viver em plenitude seu ofício de ator. 
Desejo que mal encobre um viés de insânia. O homem que aporta na Broadway sem conhecer seus códigos, afundando-se em dívidas para levar adiante seu sonho, precisa ter em si uma dimensão de loucura. Dimensão explicitada pela exacerbação de seu dominador duplo, não outro que o Birdman que o levara às culminâncias da glória e do desespero. 
A persona impregna-se da personagem. Iñarritu, também coautor do roteiro, depreende bem a complexidade das relações psicológicas fomentadas pelas telas. Norma Desmond, recém-vinda de assassinar o amante, desde as escadas de “Crepúsculo dos Deuses” rumo à punição como se fora Salomé vinda de encomendar o assassínio João Batista, a se entregar deleitada aos seus algozes. Embaralham-se as dimensões da realidade e da ficção; a estrela decaída julga-se dentro de uma película de Cecil B. DeMille. Já Riggan coabita empiricamente com Birdman. A projeção cinematografia de si representa tudo o que ele não é - a intrepidez, o vigor, o heroísmo – e lhe pede, como paga da proteção que lhe dá, que ele ceda à frutífera indústria do blockbuster
A premissa de Birdman é sedutora por si só, mas a obra tem seus sentidos potencializados pelas opções estéticas que faz. Há nela uma mistura imprevista de ironia e poesia que, se observa o ridículo daqueles super-heróis de borracha (e da indústria que os cria em série), igualmente procura compreender por que eles são tão amados pelo grande público. Assim, faz emergir em primeiro plano o papel do cinema como a fábrica de mitos do século XX. 
Ambivalência que é construída pela música. Dividem espaço em Birdman uma quase que onipresente percussão jazzística (representada pela bateria que pontua o palmilhar do protagonista, como se representasse as batidas de seu coração) e uns vestígios de música clássica (os violinos a tecerem as heroicas aventuras do personagem-título). E tudo se embaralha: o lirismo de Mahler embalando as cenas de ação, a agressiva percussão conduzindo as cenas as mais românticas. 
Iñarritu, como Billy Wilder, puxa o véu do imaginário e desnuda a realidade crua que ele esconde. Mas, num como noutro, o olhar crítico à arte está em razão direta do amor que ambos nutrem por ela. Birdman é fascinado pelo mundo bizarro que busca narrar e destruir. Tanto que sua factura cênica reencena a mise-en-scène do gênero que critica. 
Ao optar pela subjetiva direta, lendo o mundo pelos olhos do perturbado protagonista Riggan, recuperando assim a onipresença de Birdman, o filme se entrega a pirotecnias cinematográficas (excelentemente realizadas pela direção de fotografia de Emmanuel Lubezki, já responsável pela qualidade técnica de “Gravidade”) das quais os blockbusters estão coalhados. Como o super-herói, Riggan flutua, voa, destrói os objetos com a força da mente. O clímax da história é menos o seu final em aberto, com Michael Keaton saindo pela janela rumo a um destino ignorado, do que a cena da cidade sendo destruída por seres alienígenas, e salva por Birdman e pela força policial – glosa de uma infinidade de filmes-catástrofes rodados por Hollywood. 
O que difere ali é a música. A cena de ação é pontuada pelo leitmotiv da personagem de Birdman, um lírico trecho da 9. sinfonia de Mahler, repleto dos violinos que a história do cinema nos mostrou talhados às cenas de amor. Tudo comporta em si o seu avesso. Afinal, se o brilhante Michael Fassbender já está usando uma capa de X-Men, se Robert Downey Jr. enverga com orgulho sua carapaça de lata, o cinema-pipoca não pode ser tão ruim assim. 
Esta crítica à indústria cinematográfica mal esconde o fascínio que seu criador tem por ela. Aliás, que todos nós, como eternas crianças que querem ser entretidas, temos por ela. Perdoamos as falhas de nossos objetos de afeto, ingenuamente desejamos reformá-los, mas o que acabamos mesmo é sendo irremediavelmente enredados por eles.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Oscar 2015: Balanço geral e lista dos melhores, versão Filmes, filmes, filmes!

Oscar. A relação dos indicados invariavelmente me perturba – as mediocridades escolhidas para os grandes prêmios (e que às vezes se sagram vencedoras); o desnível existente entre os artistas indicados à determinada categoria, visando-se claramente o benefício de um em detrimento dos outros; as distorções que ocorrem entre os indicados a uma categoria, mas não à outra complementar. Porém, sempre acabo me rendendo à lista dos melhores, geralmente convidada pelas colegas blogueiras que há anos alimentam com incrível pertinácia o “DVD, Sofá e Pipoca”. Sou pro diabo nostálgica; à cada lista lembro-me de minhas primeiras, de quando torci para Coração Valente ou O Resgate do Soldado Ryan, das manhãs insones no colégio depois de passar a madrugada comemorando as vitórias de Titanic ou de Shakespeare Apaixonado (ah, a adolescência...). 
Mas, vamos logo à ação. 
Eddie Redmayne e Felicity Jones em
A teoria de tudo
Para ser sincera, só agora eu pude ler com cuidado a relação dos indicados a todas as categorias. Daí o frescor da minha surpresa publicada acima... Alguns ótimos filmes compõem a lista dos melhores: Boyhood, Whiplash, O Jogo da Imitação, A Teoria de Tudo. Sobretudo Birdman (ou A inesperada virtude da ignorância), que para mim é desde já um dos grandes filmes da Sétima Arte, merecendo com louvor a estatueta. Razões para isso valem um post particular, que surgirá no momento oportuno: a agudeza na escolha do tema – o rolo compressor da indústria cultural –; do protagonista Michael Keaton, uma vítima do sistema, até outro dia um antigo super-herói, de aparente irreversível decadência (ele mereceria o Oscar pela abnegação com que mergulha no seu ridículo e cativante alter-ego). Voltaremos a isso. 
Ainda não vi Sniper Americano e Selma. O primeiro é, dizem, de um americanocentrismo sem tamanho, mas até agora Clint Eastwood não me deu motivos suficientes para que eu desconfiasse de sua perspicácia como diretor. Opinarei, no entanto, depois de vê-lo. Já O Grande Hotel Budapeste é, para mim, o Os Miseráveis deste ano. Como o outro, um filme reverberante e vazio. Foge-me o porquê de um e outro terem caído nas graças do público (lembro-me dos equilibrados franceses, a aplaudirem entusiasticamente ao fim da sessão de Os Miseráveis à qual assisti em Paris – sessão da qual eu fiz força para não fugir, aliás). Sem problemas; ele certamente será batido por concorrentes de melhor cepa. 
Michael Keaton em Birdman
Birdman é uma daquelas preciosidades nas quais há simbiose perfeita entre tema e forma. Portanto, não dá para premiá-lo sem reconhecer, também, a excelência de seu diretor, Alejandro Gonzáles Inárritu. Ou a montagem brilhante, que constrói cinematicamente a onipresença do personagem-protagonista, misturando, além de tudo, os tempos do teatro e do cinema, artes com especificidades diferentes. Mas, pasmo, Birdman não concorre ao prêmio de melhor montagem! E aquela trilha-sonora que é o coração da obra – como a bateria é o coração das bandas de jazz e rock –; seca, agressiva, uma saraivada de balas, por que não concorre como melhor trilha sonora? 
J. K. Simmons em Whiplash
Mas, há algo mais curioso: a trilha que é o próprio tema de Whiplash também ficou de fora da disputa... Whiplash, aliás, protagoniza outra distorção do Oscar 2015. J. K. Simmons, seu protagonista indiscutível, concorre, nele, como ator coadjuvante. Vai ser premiado, pois há, ali, espaço para ele deslindar a sua excelência. Porém, a justiça pediria que ele dividisse a categoria com Keaton e companhia, deixando o prêmio para um vero coadjuvante (eu torceria para Ethan Hawke). 
Mas o pário será duro entre os protagonistas. Além do já citado Keaton, há duas pérolas: Benedict Cumberbatch e Eddie Redmayne. Ambos representam o que há de melhor no Oscar: de repente, um ator obscuro – pode ser um super-herói de blockbuster (à la Birdman) para o qual a gente não dá muito, um galanzinho aparentemente sensaborão de comédia romântica, ou um participante discreto de um all star picture – deixa-nos com a respiração suspensa, por personificarem a excelência que o Oscar tanto almeja (e raramente atinge). 
Benedict Cumberbatch e Keira Knightley
em O Jogo da Imitação
No início do ano passado, eu disse que o até então para mim desconhecido Cumberbatch era o que de melhor havia em Álbum de Família, e apostava em sua indicação como coadjuvante. A indicação não veio, mas surgiu uma chance melhor para que brilhasse esse ator que, no final das contas, não era tão desconhecido assim (é um bem reputado Sherlock Holmes de uma série que eu nunca vi, e ator nas franquias Star Trek e Hobbit). 
Já o nome de Eddie Redmayne não me dizia nada, até que eu abri sua página do IMDB e o descobri fazendo parte de tudo. Do execrável Os Miseráveis, de Sete Dias com Marilyn, de séries de TV e filmes adolescentes. Redmayne não desempenha Stephen Hawking, é o próprio. Mas, sua premiação, que para mim é certa, deixa-me na boca um gosto agridoce. Ele desempenhou o protagonista almejado pelo Oscar – distorceu-se fisicamente até atingir o talhe de seu retratado. Porque ele o faz muito bem, eu o congratulo de antemão. Porém, porque eu acho que atuação não seja só isso; que conta a artesania, a emoção, a despersonalização até que se atinja a alma (não só o físico) do outro, meu coração fica com Cumberbatch. Que maravilha poder ainda encontrar, na embonecada Hollywood, esses tipos que não são nem bonitos, nem feios. São o personagem; do personagem. Não vou me esquecer tão cedo do rosto de Benedict Cumberbath ao cabo de O Jogo da Imitação, já visitado pela insânia, enrijecido pela impossibilidade de exacerbação de seu amor proibido. Lembrou-me outro grande, Michael Fassbender, igualmente aterrador e maravilhoso em Shame
Julianne Moore em Para sempre Alice
Entre as atrizes, há uma Julianne Moore que reputam excelente pela sua performance em Para sempre Alice, filme ao qual eu não assisti. Rosamund Pike, muito bem pelo já aqui comentado Garota Exemplar; Resse Witherspoon, correta em Livre – um bom filme, mas com uma protagonista feminina um tanto quanto morna (melhor é o papel de coadjuvante, que possivelmente dará o Oscar a Laura Dern). Marion Cotillard, não pelo seu tour de force em Era uma vez em Nova York, mas sim por um filme francês (Dois dias, uma noite, dos irmãos Dardene – ao que tudo indica, uma obra bem atual, que se debruça sobre o rescaldo da crise europeia). De todas as que vi, a que mais me surpreendeu foi Felicity Jones, que eu supunha uma cantora pop (?) até que, passeando por sua página no IMDB, vi-a como protagonista de uma porção de comedinhas que passei da idade de assistir. Ela venceu admiravelmente o desafio imposto, ombreando-se ao seu brilhante coprotagonista, em A Teoria de Tudo
Emma Stone em Birdman
Por fim, duas palavras sobre as atrizes coadjuvantes e os filmes estrangeiros. Todas estiveram muito bem (não vi apenas Meryl Streep). Keira Knightley está uma atriz cada vez mais bem-preparada. Patricia Arquette, ótima – numa obra tão cheia de qualidades, mas que tem o azar de competir com uma safra excepcionalmente boa de filmes. Laura Dern é o ponto alto de Livre, e merece o prêmio que vai ganhar. Mas, meu coração – de novo ele – é de Emma Stone, atriz luminosa, a melhor de sua geração, excelente no pequeno papel que lhe deram no grande Birdman
Timbuktu
No que toca aos filmes estrangeiros, a seleção é a melhor em muito tempo. As apostas, pelo que vi, estão entre Timbuktu e Leviatã. Qualquer um dos dois mereceria a estatueta, e também Relatos Selvagens ou Ida. Ida é low profile. Não faz grande uso estético da paleta do cinza, mas conta com qualidade a história da jovem noviça, que subitamente se descobre a judia cujo único remanescente familiar é uma tia que é o seu avesso. Já Relatos... é um desbunde cinematográfico, mas demasiado artificioso – revi-o recentemente, me deleitei durante a exibição, mas ele me deixou tão logo eu deixei a sala. O tempo arrastado do princípio de Leviatã me perturbou um pouco. E Timbuktu não me abandonou até hoje. Malgrado a artificialidade romanesca que costura a história (o filme foi rodado na Mauritânia), o tema é demasiado pungente (os desmandos do talibã e as consequências de sua "guerra santa", sobretudo para as mulheres) e a fotografia, arrebatadora demais. Meu Oscar de filme estrangeiro vai para ele. 

E agora, os meus pitacos para este ano (desta vez, seguindo a razão...): 



Melhor filme: Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância) 
Melhor diretor: Alejandro González Inárritu - Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)
Melhor atriz: Julianne Moore - Para Sempre Alice 
Melhor ator: Eddie Redmayne - A Teoria de Tudo 
Melhor ator coadjuvante: J.K. Simmons - Whiplash: Em Busca da Perfeição 
Melhor atriz coadjuvante: Laura Dern - Livre 
Melhor canção original: "Glory", por John Legend, Common - Selma 
Melhor roteiro adaptado: Graham Moore - O Jogo da Imitação 
Melhor roteiro original: Alejandro González Iñárritu, Nicolás Giacobone, Alexander Dinelaris, Armando Bo - Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância) 
Melhor longa de animação: Como Treinar o Seu Dragão 2 
Melhor documentário em longa-metragem: Citizenfour 
Melhor longa estrangeiro: Timbuktu (Mauritânia) 
Melhor fotografia: Emmanuel Lubezki - Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)
Melhor figurino: Milena Canonero - O Grande Hotel Budapeste 
Melhor documentário em curta-metragem: Crisis Hotline: Veterans Press 1 
Melhor montagem: Boyhood - Da Infância à Juventude 
Melhor maquiagem e cabelo: Frances Hannon, Mark Coulier - O Grande Hotel Budapeste
Melhor trilha sonora: Johann Johannsson - A Teoria de Tudo 
Melhor design de produção: Maria Djurkovic, Tatiana Macdonald - O Jogo da Imitação
Melhor animação em curta-metragem: The Feast 
Melhor curta-metragem: The Phone Call 
Melhor edição de som: Martín Hernández, Aaron Glascock - Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância) 
Melhor mixagem de som: Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância) 
Melhores efeitos visuais: Interestelar