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domingo, 14 de junho de 2009

Outra sandice do Cary Grant: O inventor da mocidade (Monkey Business, 1952)

Quem vir Ginger Rogers, Cary Grant e Marilyn Monroe balançando no mesmo cipó em que se dependura a macaca Esther, imagem que ilustra o cartaz dessa produção da MGM, já saberá o que pode esperar da película. A imagem ficará ainda mais palpável se o leitor notar, lá na parte de baixo do cartaz, o nome do diretor Howard Hawks, responsável por grandes comédias como "Twentieth Century" (1934), "Bringing up baby" (Levada da Breca, 1938) e "His girl friday"(Jejum de Amor, 1940).
Eu não sabia de nada disso quando vi "O inventor da mocidade" pela primeira vez , há alguns anos, quando mal conhecia o Cary Grant e nunca havia visto a Ginger Rogers. Então, recebi com uma grata surpresa as loucuras imaginadas por esse diretor tremendamente ágil e cuidadoso com a disposição das personagens no set, o qual consegue como poucos explorar a veia cômica dos artistas.
A hilariedade é aqui resultado da profunda seriedade com que as personagens a princípio se apresentam. Cary é o cientista consciencioso que busca uma fórmula para minorar os males que vêm com a idade; Ginger, a esposa dedicada; Marilyn, a jovem bela, pouco talentosa em trabalhos burocráticos e sempre disposta a ajudar.
A situação só fica insólita, mesmo, quando uma macacada da macaca Esther é responsável pelo preparo do elixir que o cientista não conseguira desenvolver em dois anos de pesquisa.Com a ingestão desavisada do líquido, as personagens perdem aquela casca de bom senso que são obrigadas a manter ao atingirem a idade adulta, e mergulham em aventuras comumente aceitas aos 20, 10 ou 5 anos. São exemplos disso o corte de cabelo estravagante que o dr. Fulton passa a ostentar, juntamente com a jaqueta listrada e o carro de playboy que compra, ou a súbita ira que a sra. Fulton expressa contra a bela secretária que pespegara um beijo no marido momentos antes - "Vou tirar esses seus cabelos louros pelas raízes pretas"... - beijo com o qual a sóbria senhora não parecera se importar muito antes de ingerir a fórmula.
É óbvio que o filme a todo o tempo tece estereótipos das atitudes comuns às crianças, jovens e adultos, mas isso é feito de um modo tão adorável, e regado por atuações tão perspicazes e diálogos tão inteligentes, que não há como não se deleitar com esses e tantos outros episódios, como a timidez esboçada pela sra. Fulton quando retorna com o esposo ao hotel onde passaram a lua-de-mel, a qual se mistura à agilidade com que a revigorada mulher conduz o cansado esposo pela pista de dança...
Ou então, a violência com que o sério cientista, depois de ter tomado uma overdose da mistura, trata o antigo namorado da esposa...
Para os tristes e oprimidos eu recomendo fortemente essa desopilante comédia, obra-prima do gênero. Garanto que vão rejuvenescer uns 10 anos...