Dentre as estreias cinematográficas desse início de ano, “Black Swan”, o mais recente longa metragem de Darren Aronofsky, é a bola da vez em matéria de polêmica. A Folha de São Paulo desta semana gastou longo tempo falando do filme, não apenas porque ele recebeu 5 indicações ao Oscar (melhor filme, diretor, atriz, e aí vai), mas devido às controvérsias que gerou entre a crítica.
O diretor inegavelmente tentou fazer um filme artístico. A Folha lembra que, durante entrevista, Aronofsky afirmou que sua obra era mais pura que outras que tematizavam “a arte do balé” (Folha - Ilustrada, 3/2/11). Se ele conseguiu ou não é uma questão que nem a crítica especializada consegue responder de modo unívoco, que o digam os dois julgamentos críticos diametralmente opostos ao filme que o jornal alinhou na Folha “Ilustrada” da edição de 3 de fevereiro.
Um leitor incauto pode até criticar o que é aparentemente denotativo de falta de parâmetro. Aos mais acostumados ao funcionamento da crítica isso é, no entanto, instigante: afinal, é digno de atenção quando, em meio à produção eminentemente rasteira de Hollywood, aparece uma obra inovadora ao ponto de deixar a crítica em palpos de aranha.
Vi o filme logo na pré-estreia, pois estava curiosa por saber para que lado me inclinaria. Depois de vê-lo, decidi subscrever a opinião de Inácio Araújo: não consegui gostar muito dele, não. Mesmo assim, é impossível negar que “Cisne Negro” é um dos poucos filmes a provocar o espectador: não consegui parar de pensar nele até que decidi me sentar ao computador para refletir a seu respeito em letra de forma.
A história não me atraiu, nem o (ultraelogiado) desempenho de Natalie Portman, nem a linguagem cinematográfica escolhida para a apresentação da trama. O filme não proporciona nenhum esforço reflexivo. A linguagem da câmera mata a charada logo de início: abundam rápidos primeiros planos, quase todos tomados pelo método “câmera na mão”. A escolha não deixa enganar: a história nos será contada pelos olhos da protagonista, a instável Nina, bailarina de uma companhia de Nova Iorque que sonha em ser a estrela do balé “O lago dos cisnes”, de Tchaikovsky. O desequilíbrio psicológico da jovem encontra sinonímia perfeita no uso praticamente único da subjetiva direta. Aí está o que, num só tempo, é o maior trunfo do filme e seu principal ponto fraco. Sim, porque logo que captamos a escolha – e a captamos rapidamente – a história perde a graça.
O caráter de exceção da loucura faz nascer um filme também excepcional pela ousadia com que quebra com a estrutura linear de narrativa à qual estamos acostumados. O efeito negativo disso é que cabe ao leitor o papel de observador passivo das imagens que se desenrolam à sua frente. Como se trata do desdobramento de um caso de insânia, não há como prever que caminho tomará a narrativa. Resta-nos embarcar no Trem Fantasma construído pelo diretor e pelo roteirista (Mark Heyman) e deixar que ele nos leve. Aliás, o exemplo mais artificioso do efeito gerado pela linguagem escolhida é a quantidade de sustos que a história nos faz tomar: As luzes se apagam na sala em que Nina ensaia e, bang, aparece a múmia do Trem Fantasma de braços abertos e nos grita no meio da cara; Nina caminha pela passarela que desemboca no metrô e, bang, a caveira nos assopra no ouvido, gelando-nos a espinha. Deixei de frequentar o Trem Fantasma há pelo menos 20 anos porque faz tempo que parei de me contentar com essa emoção puramente física proporcionada pelo brinquedo. Confesso que não gosto quando um amigo me assusta gratuitamente na rua – imaginem, então, como isso não me aborrece quando eu pago ingresso.
Mas nem por isso me arrependi de ver o “Cisne Negro”, pois ele veio ao encontro de coisas em que ando pensando. Por exemplo, na diferença entre o vistoso e o belo. O filme é inegavelmente vistoso: é imbatível em matéria de trilha sonora, pelo tratamento pulsante que dá à partitura do clássico de Tchaikovsky, apresentando também belos figurinos e atuações irrepreensíveis. Mas a soma de tudo isso não gera a beleza. O paradoxo maior da história seja, talvez, a apreensão falha que ela faz do mundo do balé – e isso é uma pena, pois o que de mais bonito há no filme, a trilha sonora, acaba servindo apenas como ilustração ao invés de ser incorporada dramaticamente à história. O fato de o drama se passar entre as paredes de uma companhia de dança é meramente circunstancial. Não há relação de causa e efeito entre a loucura da jovem e o ofício que ela desempenha – nas raras tomadas descritivas, a câmera flagra jovens ensaiando alegremente – constatação que nos leva à fácil conclusão de que o estado patológico da protagonista poderia se desenvolver em detrimento de sua escolha profissional. Mas aí teríamos que afirmar que o mais apurado dos filmes sobre balé (como pensa seu diretor) não é um filme sobre balé...
Trata-se, sim, de uma engenhosa história de suspense/terror, original como “A Bruxa de Blair” (1999). Como thriller, “Cisne Negro” é curioso pela abordagem nova que dá ao gênero, assustando o público sem dó e abusando de sua paciência ao decidir o que dirá ou não a ele. Como apreensão do mundo do balé, é falho, pois deixa de lado um elemento que, desde meu ponto de vista, é de fundamental importância na arte (especialmente no balé, que tem o benefício da presença empírica dos espectadores): a busca do envolvimento do público. Basta lembrar do pas-de-deux do cisne negro, contado pelos olhos da protagonista, cena em que se dá a metamorfose da mulher em galináceo. Vendo a cena (estranhamente curta, considerando-se que deveria ser clímax da história), truncada pelos constantes cortes e primeiros planos, ela não me pareceu nada além de bizarra. Noutras palavras, e parafraseando o diretor da companhia de Nina, falta ao filme “uma abordagem visceral do Lago dos Cisnes”. Falo do “visceral” de modo figurado – vísceras literais já aparecem de sobra nele.
O diretor inegavelmente tentou fazer um filme artístico. A Folha lembra que, durante entrevista, Aronofsky afirmou que sua obra era mais pura que outras que tematizavam “a arte do balé” (Folha - Ilustrada, 3/2/11). Se ele conseguiu ou não é uma questão que nem a crítica especializada consegue responder de modo unívoco, que o digam os dois julgamentos críticos diametralmente opostos ao filme que o jornal alinhou na Folha “Ilustrada” da edição de 3 de fevereiro.
Um leitor incauto pode até criticar o que é aparentemente denotativo de falta de parâmetro. Aos mais acostumados ao funcionamento da crítica isso é, no entanto, instigante: afinal, é digno de atenção quando, em meio à produção eminentemente rasteira de Hollywood, aparece uma obra inovadora ao ponto de deixar a crítica em palpos de aranha.
Vi o filme logo na pré-estreia, pois estava curiosa por saber para que lado me inclinaria. Depois de vê-lo, decidi subscrever a opinião de Inácio Araújo: não consegui gostar muito dele, não. Mesmo assim, é impossível negar que “Cisne Negro” é um dos poucos filmes a provocar o espectador: não consegui parar de pensar nele até que decidi me sentar ao computador para refletir a seu respeito em letra de forma.
A história não me atraiu, nem o (ultraelogiado) desempenho de Natalie Portman, nem a linguagem cinematográfica escolhida para a apresentação da trama. O filme não proporciona nenhum esforço reflexivo. A linguagem da câmera mata a charada logo de início: abundam rápidos primeiros planos, quase todos tomados pelo método “câmera na mão”. A escolha não deixa enganar: a história nos será contada pelos olhos da protagonista, a instável Nina, bailarina de uma companhia de Nova Iorque que sonha em ser a estrela do balé “O lago dos cisnes”, de Tchaikovsky. O desequilíbrio psicológico da jovem encontra sinonímia perfeita no uso praticamente único da subjetiva direta. Aí está o que, num só tempo, é o maior trunfo do filme e seu principal ponto fraco. Sim, porque logo que captamos a escolha – e a captamos rapidamente – a história perde a graça.
O caráter de exceção da loucura faz nascer um filme também excepcional pela ousadia com que quebra com a estrutura linear de narrativa à qual estamos acostumados. O efeito negativo disso é que cabe ao leitor o papel de observador passivo das imagens que se desenrolam à sua frente. Como se trata do desdobramento de um caso de insânia, não há como prever que caminho tomará a narrativa. Resta-nos embarcar no Trem Fantasma construído pelo diretor e pelo roteirista (Mark Heyman) e deixar que ele nos leve. Aliás, o exemplo mais artificioso do efeito gerado pela linguagem escolhida é a quantidade de sustos que a história nos faz tomar: As luzes se apagam na sala em que Nina ensaia e, bang, aparece a múmia do Trem Fantasma de braços abertos e nos grita no meio da cara; Nina caminha pela passarela que desemboca no metrô e, bang, a caveira nos assopra no ouvido, gelando-nos a espinha. Deixei de frequentar o Trem Fantasma há pelo menos 20 anos porque faz tempo que parei de me contentar com essa emoção puramente física proporcionada pelo brinquedo. Confesso que não gosto quando um amigo me assusta gratuitamente na rua – imaginem, então, como isso não me aborrece quando eu pago ingresso.
Mas nem por isso me arrependi de ver o “Cisne Negro”, pois ele veio ao encontro de coisas em que ando pensando. Por exemplo, na diferença entre o vistoso e o belo. O filme é inegavelmente vistoso: é imbatível em matéria de trilha sonora, pelo tratamento pulsante que dá à partitura do clássico de Tchaikovsky, apresentando também belos figurinos e atuações irrepreensíveis. Mas a soma de tudo isso não gera a beleza. O paradoxo maior da história seja, talvez, a apreensão falha que ela faz do mundo do balé – e isso é uma pena, pois o que de mais bonito há no filme, a trilha sonora, acaba servindo apenas como ilustração ao invés de ser incorporada dramaticamente à história. O fato de o drama se passar entre as paredes de uma companhia de dança é meramente circunstancial. Não há relação de causa e efeito entre a loucura da jovem e o ofício que ela desempenha – nas raras tomadas descritivas, a câmera flagra jovens ensaiando alegremente – constatação que nos leva à fácil conclusão de que o estado patológico da protagonista poderia se desenvolver em detrimento de sua escolha profissional. Mas aí teríamos que afirmar que o mais apurado dos filmes sobre balé (como pensa seu diretor) não é um filme sobre balé...
Trata-se, sim, de uma engenhosa história de suspense/terror, original como “A Bruxa de Blair” (1999). Como thriller, “Cisne Negro” é curioso pela abordagem nova que dá ao gênero, assustando o público sem dó e abusando de sua paciência ao decidir o que dirá ou não a ele. Como apreensão do mundo do balé, é falho, pois deixa de lado um elemento que, desde meu ponto de vista, é de fundamental importância na arte (especialmente no balé, que tem o benefício da presença empírica dos espectadores): a busca do envolvimento do público. Basta lembrar do pas-de-deux do cisne negro, contado pelos olhos da protagonista, cena em que se dá a metamorfose da mulher em galináceo. Vendo a cena (estranhamente curta, considerando-se que deveria ser clímax da história), truncada pelos constantes cortes e primeiros planos, ela não me pareceu nada além de bizarra. Noutras palavras, e parafraseando o diretor da companhia de Nina, falta ao filme “uma abordagem visceral do Lago dos Cisnes”. Falo do “visceral” de modo figurado – vísceras literais já aparecem de sobra nele.
38 comentários:
Credo, esse filme é assim mesmo?Desculpa, mas sem chance de eu ver... Pelo menos, por enquanto!
Bjo, Dani!!!!
Dani,
Como você bem sabe, nutrimos opiniões bem diferentes com relação a este filme. Também, não seria para menos - você levantou seus argumentos utilizando questões que, para ser bem sincera, eu não tenho equipamento e suporte intelectual para perceber.
Não, isso não justifica o motivo pelo qual alguém gosta ou não de um filme. Mas deixemos isso para lá.
De todo modo, gostei da sua crítica. Mas também gostei do Cisne Negro.
Beijinhos
Dani, eu gostei mais do filme do que você. Não tenho nenhum conhecimento de cinema mas vivo no mundo da dança e concordo que a dança no filme é pretexto para que se discuta a insanidade.Muito boa sua crítica, li até o final o que para mim é raro. Beijos Patricia
Gosto da tua forma de explicar o porque das tuas opinioes. Admiro esta forma neutra de escrever. Nao é só inteligencia mas também muitas boas maneiras. Cjapeau, minha querida!
Assisti ontem. Estava algo ansioso, depois de tantos comentários. Realmente o filme é um soco no estômago, uma obra sombria, assustadora... Mas concordo com você plenamente: também não me identifiquei com o que vi, embora tenha gostado da atuação de Natalie Portman (e a Barbara Hershey? e a Wynona Ryder? Estão estranhas, deformadas). O cinema de Darren Aronofsky beira o grotesco quase sempre. Ainda não foi desta vez que ele me convenceu.
Abraços
www.ofalcaomaltes.blogspot.com
Olá, pessoal!
Primeiramente, muito obrigada pelo feedback de vocês. O problema de minha internet foi solucionado hoje, depois de 12 dias, então, agora poderei ler os blogs de vocês com mais regularidade (já estava pegando mal o escritório improvisado que eu montei no shopping...).
Lorena, não fica brava comigo, querida! Esse é apenas o meu ponto de vista. Eu acredito, sim, que o aspecto formal justifica o modo pelo qual se vê um filme, afinal, o filme chega para nós através de uma determinada forma. Mas sei também que cada um interpreta uma obra a partir das referências que tem - o que, aliás, acho ótimo. Achei apenas que, ao escolher contar a história a partir do ponto de vista da protagonista, o diretor facilitou o trabalho dele e diminuiu a densidade que a história poderia ter.
Patrícia, muito obrigada por passar por aqui e deixar sua impressão sobre o filme e o meu texto (fiquei feliz ao saber que a leitura dele te empolgou!). É superlegal conhecer a opinião de uma dançarina - é uma perspectiva nova de análise, a qual desconheço, portanto acho que isso enriquece o debate. Assim como você, achei que a dança poderia ser mais bem aproveitada na história, não apenas como pretexto para se trabalhar o tema da loucura.
Edison, eu não deixo de recomendar o filme, mas, vá preparado! Depois me conta o que achou.
Ricardo, suas palavras me deixaram superfeliz! Esse filme tão polêmico só faz comprovar que o ofício da crítica não tem nada de absoluto. Aqueles que valorizam o ofício precisam encontrar argumentos para justificar as opiniões que tem sobre determinada obra. Fiquei honrada em saber que você tira o chapéu para essa postura. Obrigada, mesmo, querido!
Antonio, assino embaixo de 100% do que você disse. Tudo muito sombrio, tenso, deformado e pouco convincente. Mesmo assim, é um filme interessante e que deve ser visto - já que ele parece seguir uma tendência cada vez maior a filmes que lutam para serem grandiloquentes mas, não obstante, soam vazios.
Bjos e até logo
Dani
Dani, querida, eu não fiquei brava com você, não! Pelo contrário.
E apesar de nossas idéias terem divergido, gostei (e muito) da sua crítica e a forma como você apresentou seus argumentos.
Fico feliz que o problema da sua internet tenha sido solucionado.
Beijinhos
Sim, tiro o chapéu, apesar de nao te-lo escrito corretamente: aqui vai de novo => Chapeau para voce!!!! :-)
E nao acho que a lorena está brava com voce. Gostei muito do comentário dela e o considerei também de uma bela grandeza!
Ah, amigas, voces se tornaram tao parte da minha vida! Que bom!
Quero saver a opiniao de voces sobre "Nossa Cidade" !!!!! Beijos
Ricardo
Oie, Lorena e Ricardo!
Queridos, precisamos é tirar o chapéu para o Blogger por ele ter nos juntado!
Lorena, eu me senti na idade das trevas sem internet. Fui ao shopping todos os dias para usar a internet móvel e, consequentemente, fui obrigada a ir ao cinema a semana inteira... Sobre a resenha, não esquenta! O mais animado é quando os textos causam polêmica. E, além do mais, o que move os nossos blogs é o modo passional que temos de analisar o que vemos.
Ricardo, seu texto sobre o "Nossa cidade" é ótimo! Mais um livro que você me deixou com vontade de ler.
Bjinhos e até logo, amigos.
Dani
É interessante que mesmo concordando com sua análise eu gostei bastante do filme, já fiz meu comentário e publicarei em breve. Gosto do filme porque gosto de balé, gosto do Lago dos Cisnes, gosto do compositor, gosto de filmes psicológicos, gosto do diretor e gosto de atuações estupendas. Concordo com você que o filme não tenha uma história tão surpreendente quando estava patente o tempo todo a confusão mental de Nina; concordo que o tema principal não é o balé e concordo que a cena que eu mais esperei, a transformação total total de Nina no cisne negro foi bem curta.
Mas mesmo assim, gostei do filme, de sua força, de sua beleza fugaz.
Quanto à opinião do diretor sobre seu próprio filme, claro que não podemos concordar com ele; Sapatinhos Vermelhos não tem concorrentes. Grande abraço.
Oi, Danilo!
Gostei muito do seu comentário, pois toca, acho, num ponto fundamental: O filme está longe de ser ruim; ele é, sim, frustrante.
Ele fica a um passo de ser uma boa realização, em todos os níveis: do roteiro, que é algo superficial; da direção, já que as tomadas a partir do ponto de vista da dançarina acabam deixando-o óbvio; da dança, já que deixa patente a deficiência de Natalie Portman nesse quesito (só nesse quesito - não dá pra negar que ela é uma ótima atriz). Como filme sobre a dança ele é infelizmente fraco, mas é um bom filme de terror.
Acredita que eu ainda não vi Sapatinhos Vermelhos? Que vergonha...
Bjinhos
Dani
Dani!
Concordo com muitos dos seus comentários. Tb acho que a trilha sonora poderia ser melhor e me decepcionei com a falta de cenas de balé. Pra quem gosta de dança, acaba sendo decepcionante (tive que procurar no google cenas do Bolshoi de tão desesperada que fiquei para ver o balé completo). Concordo que o uso do balé, às vezes, acaba sendo apenas uma fraca desculpa: a personagem poderia apresentar aquele caso em qualquer outra profissão. Mas ainda assim gostei do filme.
Acho que ele é surpreendente em muitos sentidos.
Na minha opinião ele se aproxima um pouco do "Repulsa ao sexo", do Polanski. Não acho que a Natalie Portman deixou a desejar em relação à atuação tão famosa da Catherine Deneuve. Eu não sou nenhuma especialista em cinema, mas acho que os dois filmes conseguem transmitir o estado de loucura das duas personagens que parecem ser pessoas normais, dessas que você encontra no supermercado comprando pão pela manhã e fala "bom dia", mas que vivem um perigoso turbilhão psicológico.
Não acho que o diretor tenha tentado passar que o balé seja o motivo da revolta interior que pouco a pouco toma conta de Nina. Mas sim a repressão sexual, a relação pouco saudável com uma mãe superprotetora e também o excesso de cobranças pessoas. Todos esses fatores desencadearam a loucura de Nina. Mas isso aconteceria da mesma forma se ela fosse uma simples manicure, como a Deneuve, no filme que eu comentei. Esquizofrênica, ela também tinha uma relação maternal demais com a irmã, não tolerava a companhia de nenhum homem e só se sentia bem ao lado de mulheres. Quando ficou sem a irmã e foi cortejada, duas situações que saíam do seu mundinho feminino protegido, ela simplesmente enlouqueceu.
Confesso que eu fiquei intrigada nesse percurso de entrar na mente da personagem e se deixar levar por um caminho desconhecido.
Além de citar o filme do Polanski (acho que vc não assistiu, pelo que me falou), gostaria de mencionar também que o filme faz uma modificação crucial no balé do Tchaikovsky: em vez de uma personagem representando o cisne branco e outra, o cisne negro, ele coloca uma personagem atuando nos dois papéis. Uma mudança que altera sensivelmente toda a organização da história: a partir desse momento, não há mais uma personagem pura, imaculada e doce ao lado de outra fria, ambiciosa e cruel. As duas coexistem dentro de uma só, mostrando "o lado negro da força" que existe em cada um de nós. Acho que essa mudança acaba com o maniqueísmo do balé e o atualiza, aproximando-o dos espectadores dos dias de hj que também podem se identificar com a personagem Nina.
Enfim...vai ver que eu também tenho uma mente tortuosa...rs
Beijos, querida!!!
Olá Danielle!
Seu blogé perfeito!
Infelizmente não assisto tantos filmes como gostaria, falta de tempo talvez.
Mas sou apaixonado por arte, e não importa em como ela se apresente, a visão do lado de cá, como se aprecia o talento, a forma é o que posisiona a obra.
Eu gostei muito de tudo!
Se puder, venha ler a mim!
Um exelente fim de semana!
Breve correção de uma palavra, e acredte, não foi erreo de digitação, o erroe é gritando sendo assim, vamos lá... " posiciona "... agora sim!
Até!
Vinicius.
Olá, Vinícius!
Muito obrigada! Fico feliz que tenha gostado dos posts. Vou passar pelo seu blog também!
Aninha, você fez um comentário excelente! Preciso ver "Repulsa ao sexo" para que, na minha resposta ao seu comentário, eu faça jus ao trabalho que você teve ao redigi-lo.
Amigos, uma curiosidade:
Depois de uma semana em cima do muro, a "Folha de S. Paulo" decidiu pontuar "Cisne Negro". Ela atribuiu ao filme 1 estrela (ruim). Eu particularmente acho que essa avacalhação é tão improdutiva quanto o elogio irrestrito. Porém, a gente relativiza o julgamento tão logo vê que o jornal empacotou no rol dos "razoáveis" (2 estrelas) aquela tolice que é "O Turista", o comovente documentário "Lixo Extraordinário" e o ótimo filme russo/francês "O Concerto" (que só não concorre ao Oscar de melhor filme estrangeiro porque bem sabemos como essa premiação pode ser injusta).
Inté!
Ana, estou vindo de assistir “Repulsa ao sexo” (1965). Segue minha apreciação breve e penso que um tanto impressionista da obra, já que eu acabei de conhecê-la:
Achei “Repulsa ao sexo” um thriller impressionante, bastante superior ao “Cisne Negro”, do qual se aproxima de passagem apenas no que toca à temática. Polanski faz um trabalho surpreendente com alguns signos, cujos significados se desdobram ao longo do filme à medida em que eles se relacionam entre si. A questão da sexualidade está sem dúvida em primeiro plano na história. O título brasileiro ressalta algo desnecessário – o título original “Repulsion” (“Repulsa”) daria conta da questão de modo mais límpido, glosando o próprio trabalho despido de redundância que o autor faz com os elementos ao longo da história.
Como no “Cisne Negro”, em “Repulsa ao sexo” também há muito uso da subjetiva direta (a câmera olhando pelos olhos da protagonista). Porém, aqui o uso é muito mais complexo. O sexo é o grande problema da protagonista, no entanto, sua repulsão ao ato faz com que ela o encare de modo enviesado, preferindo estabelecer uma relação mimética entre ele e determinados objetos a experimentá-lo empiricamente. Signos recorrentes na história são o racho na parede e a navalha. O desconforto da jovem com ambos se faz notar desde o início, quando ela pede que a irmã dê um jeito de fechar a rachadura e quando ela toma com asco entre os dedos a navalha do homem com o qual sua irmã se deita. Meu conhecimento de psicanálise é um pouco maior que nulo, porém, não posso deixar de pensar como, pelos olhos da protagonista, o racho e a navalha aludem respectivamente aos órgãos sexuais feminino e masculino. Lembremos que em todos os momentos a navalha está dentro do copo, mimetizando a penetração (sem nos esquecermos que o corte da navalha estabelece uma relação explicitamente intrusiva no corpo). A rachadura é vista primeiramente na casa (que a moça já vê conspurcada pela presença do sexo), depois na rua – quando a banda sonora apresenta ensurdecedores sons de bumbo e da bateria, os quais se casam bem com os primeiros planos da moça que teme as investidas sexuais dos homens que ela encontra pelo caminho. A sexualidade é para ela algo hediondo e aterrador. Exemplo: uma tomada da lareira se segue à tomada do rosto aterrorizado da jovem que escuta a irmã e o amante na cama – o sexo é visto como um fogo que abrasa e destrói.
Outra penetração simbólica ocorre quando o jovem que está interessado na moça invade seu apartamento, introduzindo-se dentro dele (a câmera toma o ponto de vista agressivo do moço, que, mesmo bonito e aparentemente bem intencionado, se torna assustador). Incapaz de aceitar a intrusão, a moça o agride (com um instrumento de formato fálico, um candelabro). O sexo continua a persegui-la até no postal alegre que a irmã lhe manda: uma fotografia da torre de Pizza (outro signo de formato fálico – neste sentido, vale lembrar que, em inglês, “erection” significa “construção” e também “ereção”). O texto: algo como “estou maravilhada com o local”, atinge um novo sentido quando olhado pela jovem maluca na relação com a imagem.
continua...
A navalha, o copo e o elemento fálico terão sua função cada vez mais rebuscada. O coelho morto começa a ganhar aspecto sinistro quando sai da geladeira e passa a dividir espaço na bandeja com a navalha. A partir daí, há mais um desdobramento do signo: sexo e morte estão sempre relacionados na mente da garota. Vale lembrar que a multiplicação das rachaduras na casa condizem com o ápice da perturbação da jovem.
“Repulsa ao sexo” proporciona aquilo que eu senti falta em “Cisne Negro”: ele nos convida a entender o significado de seus símbolos. Não há fios soltos nele. Mesmo o uso do preto-e-branco, numa época em que o Technicolor estava mais que popular, enfatiza o contraste entre a pureza presumida da jovem (loura, alva, que veste branco num salão branco) e o resto da sociedade (a irmã é morena, os homens vestem preto, o sangue é negro, a própria rachadura/órgão sexual feminino é negra por dentro, o que a torna ainda mais aterradora). Mesmo na fotografia da família, que, no final, deixa-nos apenas entrever o homem e a protagonista ainda menina olhando-o aterrada. Ela era abusada por ele na infância? Há uma relação edipiana entre ela e o homem (ele é seu pai?)? A ausência de certezas aumenta a graça: os espectadores não precisam saber de tudo – porém, eles precisam saber de alguma coisa para que não percam o interesse pela história (alguém, por favor, diz isso para o Darren Aronofsky?).
No “Cisne Negro”, a câmera titubeante nos dá desde o início uma mulher insana. O porquê disso nós não sabemos (não podemos confiar nela como narradora). Provavelmente a sexualidade desempenha alguma função no quadro (ela tem tendências homossexuais? é virgem?). O Lago dos Cisnes entra para enfeitar a ação e não para dar complexidade a ela. Não achei que as personagens boa e má coexistem em uma, como os dois cisnes: tanto que a jovem morre depois que interpreta o cisne negro – para que dê vida satisfatoriamente ao mau, ele deve tomar para sempre o lugar do bem, levando com isso a personagem à morte (acho isso super maniqueísta). Mesmo sendo um pouco desamarrado (acho que faltaria um melhor trabalho com os signos que indiquem o conflito entre o bem e o mal, por exemplo), é legal como thriller (ainda que lembre perigosamente do “Médico e o Monstro”, bem mais interessante que “Cisne Negro”). Porém, não chega aos pés do filme de Deneuve.
Ana, que puta filme você me indicou! Vou lhe ser eternamente grata!
Bjinhos
Dani,
concordo com toda sua análise do filme do Polanski. Não prestei tanta atenção aos sinais, mas realmente a associação com a navalha e o racho da parede faz todo o sentido.
Mas tb acho que podemos procurar compreender os símbolos de "Cisne Negro". Poderia haver uma explicação psicológica para sua mania de se coçar, os objetos cortantes que tira de dentro de sua pele, seu delírio homossexual, a metamorfose do instrutor em monstro quando o vê fazendo sexo com uma bailarina, ou mesmo nos desenhos pintados por sua mãe que adquirem vida e a assombram. Concordo que no "Repulsa ao sexo" há uma linha mais coerente que orienta toda a história e torna a esquizofrenia da personagem mais plausível. Mas, apesar de ter um argumento mais fraco, esses signos também podem ser encontrados no "Cisne Negro", sim. O instrutor transformado em monstro durante o sexo demonstra claramente sua repulsa ao contato carnal. Os espinhos que saem de seu corpo podem significar uma aversão ao seu próprio corpo, aquilo que seria capaz de lhe proporcionar prazer. Até mesmo os olhos que a seguem no desenho da mãe mostram como ela se sente sufocada diante da presença materna.
Eu acho que o argumento acaba ficando enfraquecido devido à falta de um objeto fálico...Freud na cabeça! Mas ainda acho que a loucura da personagem não é injustificada.
Quanto ao maniqueísmo, eu continuo sustentando essa hipótese, até porque o final do filme fica em aberto. Pode ser que ela tenha apenas desmaiado, não? Suas frases finais, se não me engano, são que ela se sentiu perfeita. Talvez por finalmente ter se permitido liberar o cisne negro dentro dela, como se fosse a alvorada de uma individualidade reprimida durante muitos anos, que, quando finalmente veio à tona, só pôde ser de forma drástica.
Se ela só tiver desmaiado, pode ser que a partir de então será possível que coexistam os dois cisnes dentro de si.
Bom, querida.
Seus argumentos são infinitamente mais sustentados que os meus. No fundo, ainda continuo com minha análise cinematográfica cordial: "gostei desse porque sim, não gostei desse porque não."
Mas fico realmente muito feliz que você tenha gostado do filme do Polanski.
Eu particularmente acho irritante a personagem da Deneuve. Menininha chata! Não consigo simpatizar com ela de forma alguma rs.
Se pararmos para pensar, não há muita lógica em algumas atitudes dela. Por exemplo, por que ela é tão esquecida? Por que é tão apegada à irmã? E por que sente repulsa apenas ao sexo masculino, já que no meio das outras manicures se mostrava alegre e descontraída?
De qualquer forma, acho que os dois filmes permitem que a gente viaje na mente das personagens e fique pensando em suas atitudes mesmo depois de sair da sala do cinema.
Embora, ainda assim, eu consiga me identificar apenas com a personagem vivida pela Portman e não com a da Deneuve rs.
Bjsss!!
Querida, só hoje me dei conta de um fato - quando ela finalmente "entra" no personagem - a cena que achamos curta demais (e a que acho realmente linda - a única aliás!) - quando ela finalmente o compreende e passa a senti-lo (se transformando visualmente também num cisne negro - linda metáfora) foi exatamente depois do assassinato que cometeu - ou pensou ter cometido. Só assim ela conseguiu entender o lado "evil" de Odille (cisne negro). É muita loucura demais para a minha cabeca... eta filme mais doentio!!!!
Um sucsso de postagem, hein?
Olá, Aninha e Ricardo!
Esse post está dando mais pano pra manga do que qualquer outro daqui. Que ótimo!
Ana, concordo com você. No final das contas, conta se gostamos ou não do filme - porque vamos no cinema para nos deleitarmos.
Você tem razão sobre os elementos que a personagem de Natalie tira do corpo poderem servir como símbolo da aversão que ela tem de si, sobre a metamorfose do diretor em monstro simbolizar o repúdio ao ato sexual e sobre os rostos dela feitos pela mãe indicarem que ela se sente sufocada. Esses foram elementos que me perturbaram porque os achei muito literais (e, em última instância risíveis - ri no cinema com a obviedade dos dois últimos símbolos).
Suas considerações sobre o final fazem todo o sentido. Ela pode não ter morrido. Tudo pode ser, considerando-se que até os planos gerais parecem mostrar o olhar da moça ao seu redor. Se for esse o caso, mais um elemento fica em aberto (paradoxal: o uso de símbolos tão claros que parecem alegorias e, ao mesmo tempo, a vagueza total).
Pode-se contra-argumentar que a ausência de objetividade é boa, considerando-se que a maioria dos filmes atuais se explicam além do necessário. Porém, porque essa "modernidade" toda acaba por envolver um produto que ainda deixa a desejar (pelo menos para mim)?
Para engrossar o debate, recomendo a crítica sobre o filme que Rubens E. Filho acabou de publicar no blog dele. Duna Dweek, a autora, vê como ponto central no filme o embate entre a vida e a morte. É uma ótima análise, na minha opinião, mas que deixa de lado a questão da forma (e então, toma tudo o que é visto como verdade absoluta, como se as imagens não tivessem sido filtradas pelos olhos da protagonista). Vale a pena ler: http://noticias.r7.com/blogs/rubens-ewald-filho/2011/02/16/cisne-negro-a-brutal-obsessao-pela-perfeicao/
Ricardo, a dança do cisne negro é de arrepiar mesmo! Foi uma das que mais controvérsia levantou, considerando o que se discutiu aqui. Você tem toda razão, é loucura demais pra nossa cabeça! Como eu prefiro ver o solo da Cyd Charisse em "The Band Wagon"...
Bjos, queridos.
PS: Ana, ainda sobre "Repulsa ao sexo", você não acha que o pedido da personagem de Catherine para que sua irmã feche a rachadura da parede não poderia se relacionar com a inclinação lésbica da mocinha? Aí se explica também o porquê d'ela ficar à vontade com as moças mas não com os homens (dos quais ela até se sente enciumada). A rejeição ao sexo oposto pode ter alguma relação com o pai (ou com aquele que exerceu o papel de pai), pelo que fica indicado no retrato de família. Outra coisa: Há uma realização sexual no filme depois que a personagem de Catherine enfia a navalha no segundo homem. Não seria isso uma conquista simbólica do órgão sexual masculino (segundo Freud, a mulher encara seu corpo como se lhe faltasse algo) e, portanto, a troca de papéis (só com a posse do falo a mulher poderia deixar de ser passiva e torna-se ativa - daí sua realização sexual?)?.
Enfim, deixemos repulsas e negruras para trás. O próximo post será sobre "Cantando na chuva", porque a gente merece ser feliz!
Danielle,
que bom encontrar vc aqui e num espaço tão interessante como é o seu blog. Embora não tenha assistido ainda ao tão falado Cisne Negro, gostei muito de sua resenha. Ela me instigou para ir correndo ver a película.
Os argumentos e a refinada percepção sobre o cinema estão bem evidentes em seu texto, o que atrai e prende o interesse do leitor. Espero que a partir daqui possam surgir bons diálogos e valorosas discussões, embora eu não ouse fazer considerações de natureza tão profundas como a sua neste filme. Farei, o quanto antes, mais leituras dos demais filmes.
Bjs,
Vitória
Por onde andas, sumida? e os novos posts?
Estou com vários filmes para enviar-lhe? Como faço?
Abraços e apareça
www.ofalcaomaltes.blogspot.com
Oi,
Sou a Fabiane do DVD, Sofá e Pipoca (Lembra de nós?!rs). Passei por aqui para te convidar a paticipar da blogagem coletiva Bolão do Oscar 2011.A brincadeira está programada para a véspera da premiação. Mais informações no blog (http://dvdsofaepipoca.blogspot.com/2011/02/bolao-oscar-2011.html)
Isso vale p/ toda galera dos comentários acima também, quanto mais melhor!
Bjs
Oi, Fabiane!
Obrigada pelo convite! Embora eu não pretenda ver o Oscar, vi uma porção dos indicados e vou gostar de dar os meus pitacos.
Bjinhos e até logo
Dani
Saudades dos seus textos, Dani. O próximo será sobre Cantando na Chuva? Li em algum lugar. Esse musical é um hino à alegria de viver.
E os nossos filmes?
Abraço bom
www.ofalcaomaltes.blogspot.com
Oi, Antonio!
Fico feliz com a cobrança! Também estou com saudades de passar por aqui. Ainda estou no Rio e meio eufórica, então por enquanto não vai sair nada. Quanto ao próximo post, por enquanto mon coeur balance entre o "Cantando na chuva" e as peças ótimas que ando vendo por aqui: além do meu querido "Fascinante Gershwin", vi "Parem de falar mal da rotina" e "Deus da carnificina" - e olhe que o fds ainda nem chegou!
Bjinhos e até logo. Já gravei uns 10 filmes pra você. Quando eu chegar termino as cópias!
Dani
Oi, Dani... Passei aqui pra comentar a blogada dos teatros no Rio... mas o post não abre!!! Só pra adiantar: ADOREI!!! Mesmo pq citou meu nome, RS! Mas quero falar outras coisas a respeito depois que abrir... O que será que aconteceu? Será o horário??? mais tarde eu volto...
Ainda não vi.
Fiquei pela impressão que a apresentação (traillers) me facultou. E, por ela... não me puxou!
Achei o "porte" da bailarina Nathalie Phortman falso. Os movimentos não me pareceram convincentes, não acreditei estar a olhar para uma bailarina, mas sim, para uma pessoa a tentar representar uma. Por isso, não me entusiasmei.
Li por alto o que era suposto o filme ser, mas, mais uma vez, pela curta apresentação, fiquei com a sensação que era mais um desses filmes que querem ser, dizem que são, mas não têm nada.
Claro que sei que isto não quer dizer nada. Se ainda não vi o filme! Mas, ás vezes, também é interessante constactar que erramos redondamente ou não falhámos nem um pouco!
Lembro para sempre aquele filme que, no cinema, mal apareceram os créditos, achei logo que seria uma bosta! A impressão cresceu, ficou maior e, antes dos créditos terminarem, tudo o que vi mais a música já tinham como que quase garantido o que se veio a comprovar. O filme? Foi o Ali Gi.
Que bosta!
Oi, novelista!
Às vezes vale a pena acreditarmos na nossa primeira impressão da coisa. Quando vi o trailer do "Cisne Negro", também pensei que ele estava querendo oferecer mais do que conseguiria cumprir. Só fui conferi-lo pessoalmente porque as críticas díspares sobre ele me deixaram desconcertada. Em 15 minutos, achei que o filme já havia me oferecido tudo o que ele podia e então, perdi o interesse por ele. Concordo contigo que "Natalie Portman" não está convincente como bailarina - a "perfeição" que ela supõe ter alcançado não se efetiva em cena, impedindo que o filme se eleve para além do "OK". E, desde minha opinião, ele perde uns pontos porque é pretensioso (e não há nada pior que pretensão mal realizada).
Eu concordo com o Danilo de que o filme decisivo sobre ballet é "Sapatinhos vermelhos". Ele só será hoje superado se as queridinhas de Hollywood derem espaço para bailarinas de verdade.
Bjs e até logo
Danielle
Oi, Dani!!!!!!!!
Acabei de ver o "Cisne Negro" agora aqui em casa... Realmente, sou mais um dos que não gostaram muito!!! Mas preciso confessar que estava indo bem até o primeiro grande delírio declarado da Nina...
Tb achei meio sem sal a interpretação da Natalie... Pra mim, ela não levaria a estatueta do Oscar, não... Apenas gostei de seu "Cisne Negro" bailado no final...
Reli a sua resenha e foi esplêndida a comparação que vc fez com um trem fantasma!!! Fiquei com nervoso de algumas passagens do filme... Tb achei desnecessárias algumas delas...
E, finalmente: se não me dizessem que a Wynona Rider estava no filme, eu JAMAIS iria saber!!!!!
Aquele bjo!
Oie, Edison.
Menino, adorei que você voltou pra dar sua impressão do filme!
Achei que a metáfora do trem fantasma era a que explicava melhor o tipo de envolvimento do público que o filme busca. Bem, isso não é pra mim... Natalie é muito bonita, mas também a acho sem sal (eu daria o Oscar pra Jennifer Lawrence ou pra Nicole Kidman, ambas ótimas - mas a gente sabe como essa premiação pode ser injusta). Falta intensidade nas cenas em que o Cisne Negro toma o lugar do branco. O filme faz uma interpretação equivocada do ballet, ao deixar de lado a técnica (que é o que dá beleza a ele) e motivar uma relação "passional" com a dança - relação que a atriz não consegue realizar porque ela não é bailarina. Enquanto eu via o filme, me deu saudade dos grandes musicais dedicados ao ballet, que eram menos pretensiosos mas conseguiram chegar a resultados melhores.
bjinho e bom fim de semana! E divirta-se com o Girl Crazy!
Dani
Oi Dani!
Vi sua crítica no blog e corri pra alugar ele. Achei legal a polêmica causada, então deixo aqui mais uma opinião.
Eu gostei do filme. Agora, acho que isso tem muito a ver com a expectativa que cada um tem dele. Lendo sua crítica e os comentários, eu sinceramente esperava muito menos. Achei que fosse um filme intruncado, beirando o terror, e acabei me surpreendendo.
Primeiro porque achei o filme inegavelmente artístico. Não acho que possa ser considerado um filme sobre o balé, mas nem era essa a principal preocupação do diretor. Acho que é claro o papel principal da esquizofrenia como atriz que vai guiar todos os movimentos da estória. Mas então, por que balé? A questão não é o balé em si, mas a peça "Lake Swan". O tema não é a dança, mas a dualidade que essa peça específica exige, e que se encaixa de uma forma curiosa na loucura de Nina. É o que me faz pensar: o que seria dela se não tivesse feito essa peça? Seria esquizofrenica? (posso estar viajando, mas foi uma coisa que me perguntei).
Quanto à atuação de Portman, eu achei excelente. Talvez porque ela faz nesse filme um papel muito diferente do realizado em "A Outra", acho que a fragilidade é transmitida até no modo como ela fala.
Por fim, desculpe, mas não achei que o filme tem algo de assustador. Tem sim umas cenas de machucados que doeram em mim (o que foi aquele pedaço de pele saindo do dedo, gente?) mas que são parte da loucura.
Pra finalizar, eu disse que gostei do filme, não que ele não poderia ter sido melhor. Eu gostei muito da sua sugestão de abordar a loucura de um terceiro ponto de vista. Achei a história principal do roteiro pouco original. Mas também acho que a arte muitas vezes é assim mesmo: não são tanto os fatos que importam, mas como eles são apresentados e representados. Talvez essa seja a polêmica do filme: um enredo fraco dentro de uma superprodução artística. Aí vai depender do que cada um valoriza mais.
De qualquer jeito, descobri que preciso ler seu blog mais vezes, é muito construtivo :)
beijos
Amanda
Oie, Amanda.
E eu adorei que o post te fez ver o filme e depois voltar aqui com uma leitura tão interessante e fundamentada. E olha, te convido de antemão pra fazer isso sempre!
Eu fui realmente ver o filme cheia de expectativas, depois da polêmica e especialmente das afirmações de que ele teria elevado os filmes de dança a um outro patamar - arte densa e não mero entretenimento. Vendo-o, não achei tudo isso. Como dança ele não se sustenta bem porque a Natalie, por melhor atriz que seja, não é bailarina. Além disso, achei que a leitura do mundo do balé era enviesada - ele é 100% dedicação, e não paixão.
Por isso, concordo totalmente contigo de que esse não é um filme de balé - a dança entra como pano de fundo e o que importa é o conflito interno vivido pela personagem perturbada. Isso é seu ponto forte. Continuo achando que o método "câmera na mão", que vê as coisas pelos olhos da protagonista, é facilitador - o público se assusta não porque o suspense foi construído pouco a pouco, mas porque de repente aparece alguém em frente à câmara e dá um grito. Mas é um filme interessante, considerando-se o que se produz em Hollywood, então vale sem dúvida a visita!
Olha, volte de novo, hein!
Bjinhos
Dani
Assisti esse filme e é muito bom, não me canso de assistir ele. Ele nós mostra que a busca pela perfeição pode nos deixar transtornados e capazes de fazer qualquer coisa que antes não teríamos coragem de fazer. Meu trabalho que tive que fazer sobre algum filme fiz sobre ele, e minha nota foi muito boa.
Bom dia Daniela, meu nome é Rodrigo, curso o 7º periodo de adm. e meu assunto para meu tcc é sobre o filme tempos modernos e sua imporancia para o estudo da adm. cientifica, peço-lhe informações, e ou referenciais sobre o tema e o filme, ou até mesmo sua ajuda como forma de conclusão para esse meu tema. meu e-mail é rodrigopbnascimento@gmail.com conto com sua colaboração para ajuda, ficando em aguardo para resposta. obrigado e muito bom seu blog me abriu muitos horizontes sobre meu tema
Olá, Rodrigo.
Obrigada pelo elogio ao blog! Logo mais mando um e-mail pra você.
Abraços
Danielle
Acho que até agora a sua crítica foi a mais próxima do que eu realmente achei de Cisne Negro. Odiei aquele climinha de filme B, com um sustinho atrás do outro. Já Repulsa ao Sexo eu interpreto de outro jeito. Nenhum homem do filme se aproximou da Catherine Deneuve de forma decente, nem aquele que parecia mais próximo de um "príncipe encantado". Acho que mais do que repressão sexual da parte dela, o que eu vejo é mais uma reação pós traumática mesmo.Ainda quero escrever sobre ele no meu blog.
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