A Rede Globo assumiu empreitada de risco meses atrás, quando começou a veicular pelo Viva a telenovela “Vale Tudo” (escrita por Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Bassères e dirigida por Dênis Carvalho e Ricardo Waddington), que mobilizou o país quando foi exibida em rede nacional entre 1988 e 1989. Mesmo que a empreitada tenha sido levada a cabo num canal por assinatura, o burburinho que a novela começou a gerar desde sua estreia (em outubro do ano passado) sem dúvida obrigou a emissora a repensar o seu modo de fazer teledramaturgia.
O porquê disso compreende-se logo que se examine um capítulo – qualquer um – da trama. Ao fazê-lo, é impossível não se ser inundado pela torrente de realidade que brota da tela. E tal realidade brota com tanta maestria que se torna palpável até mesmo para aqueles que a conheceram só de nome. “Vale Tudo” fotografa em cores vivas o Brasil recém-saído da Ditadura, que enfrentava uma inflação aviltante, desvalorização da moeda corrente e, portanto, altos índices de pobreza.
O momento político torna possível a crítica direta, e aí não é mais preciso criar – como em Roque Santeiro – uma metáfora de cidade corrompida para se referir ao Brasil. Assim, o país mostra na tela a sua cara: toda ela, no que há em si de mais hediondo e de mais humano; de mais trágico e de mais engraçado. Como bem lembra Sílvio de Abreu em entrevista dada recentemente à revista Filme-Cultura, aquela era uma “época muito divertida dramaturgicamente”. A conturbada situação permitiu que se introduzisse nesta telenovela um elemento caro à arte desde muito tempo: a crítica social. Ainda mais se considerando o lugar peculiar que cabe ao seu gênero – obra aberta, que pelo seu imediatismo pode dialogar diretamente com o momento histórico no qual é criada, participando em sua modificação.
Os espectadores do século XXI não deixarão de tomar um choque de realidade ao serem confrontados, logo no primeiro capítulo da trama, com a datilógrafa que afana rolos de papel higiênico e sabonetes do banheiro da empresa onde trabalha para que, assim, possa ter esses produtos de primeira necessidade até o fim do mês. Antes do esgoto-Brasil de “Deus nos Acuda” (1992-3) tragar os ricaços, a merda em que viviam os brasileiros era ironicamente pintada em “Vale Tudo” pela ação da jovem que não tinha nem mesmo condição de comprar produtos para fazer sua higiene íntima. E isso enquanto, noutro canto do Brasil, a humilde agente de turismo deixava a casa que a filha lhe roubara, vendo ter sido vã a tentativa de ensinar à menina que, em tempos de crise, a honestidade ainda era o melhor caminho.
“Vale Tudo” está a anos-luz dos idílios-românticos-em-terras-estrangeiras que usualmente aparecem nas novelas das 8, os quais, de tanto que foram repetidos, já perderam todo o charme. Ao invés das gastas exóticas paisagens japonesas ou lugares turísticos notórios, tomados como cenário de não menos gastas histórias de amor fadadas à desgraça até que no último capítulo todos vivam felizes para sempre, “Vale Tudo” abre no escuro de um quarto e no final de um relacionamento onde sobram recriminações e tapas. A cena é dura como a realidade, porém, é escrita e encenada com tanto primor – o que, aliás, é uma constante na novela – que se torna bela.
O paradoxal é que essa maestria foi em parte fruto da necessidade, já que a Globo daquele tempo estava distante do domínio técnico que tem hoje. Daí os planos de conjunto e/ou stills da gente humilde carioca repetidos ad nauseam ao longo dos capítulos; daí as imagens escuras; as vacilações do elenco impressas em película; os constantes primeiros planos, que optam por flagrar os dramas internos das personagens em detrimento da cidade majestosa (mas repletas de contrastes tantas vezes deixados de lado pelas telenovelas atuais) na qual a história se passa.
Até mesmo a dificuldade prática da Globo de mandar para fora do país seu elenco converteu-se em um ganho dramático, já que os países estrangeiros considerados então símbolos da civilização (os Estados Unidos, a França, a Itália) não passam de miragens para o público, o que mimetiza a distância que separava o Brasil das potências do Norte – distância marcada não só em léguas mas nos cruzados que diariamente se desvalorizavam, afastando-se do dólar. A contingência cooperou para que esta telenovela construísse admiravelmente bem os personagens aproveitando-se de algo que tinha de sobra, que era o talento de gigantes do gênero: além dos já mencionado escritores e diretores, atrizes e atores como Regina Duarte, Antônio Fagundes, Glória Pires, Beatriz Segall, Lídia Brondi, Renata Sorrah, Lília Cabral, Natália Timberg – para ficar apenas neles e não me estender ao restante do sempre correto elenco.
“Vale Tudo” é um microcosmo da sociedade que bota em cena. Supera a divisão estanque da comédia de costumes quando decide não se restringir aos tipos, criando caracteres bem delineados, complexos como os homens, o que só faz aumentar seu potencial de crítica inteligente. Daniel Filho, que estapeia a personagem de Regina Duarte na cena que abre a produção, é também o pianista sonhador seduzido pela miragem do Primeiro Mundo. Numa de suas mais belas intervenções, descreve em detalhes ao amigo rico uma Nova Iorque que ele apenas conhecia na imaginação. Quando está em cena, enche a tela com sua presença agridoce, pontuada pelas canções de uma Broadway que ele nunca viria a conhecer pessoalmente e por sua tentativa de ganhar a vida com sua arte – algo praticamente impossível naquele momento.
Renata Sorrah dá corpo de forma admirável a uma frágil alcoólatra que constantemente luta para domar seus demônios interiores. Alguns o público conhece: a personalidade assertiva da mãe, que a esmaga; o medo de perder o esposo; o temor de que sua arte seja rejeitada. Outros, não, já que sua ultrassensibilidade é também um traço característico de sua personalidade. Traço que, aliás, é bastante bem definido pelo mordomo-cinéfilo Eugênio, que encontra analogia cinematográfica para todos. Se a ambiciosa Maria de Fátima é comparada à alpinista social levada à cena por Katharine Hepburn em “Alice Adams” (1935), Heleninha nos é primeiramente apresentada como a Judy Garland de 1952. Aproximação mais que perspicaz, não só por tomar o estado físico da atriz que retornava à ativa depois de um recolhimento numa clínica de recuperação, como para estabelecer uma aproximação entre ambos os estados psicológicos. A analogia coopera para a construção de uma personagem matizada. Seu vício não a torna unicamente digna de nossa piedade, já que sua sensibilidade lhe permite desempenhar algumas das cenas mais comoventes da novela: não há melhor exemplo do que aquela em que ela é indiretamente responsável por fazer com que Celina libere Raquel da promessa que fez de se afastar de Ivan, ao afirmar à tia que as pessoas mudam, cometem erros, portanto, não merecem ser julgadas.
Esses exemplos apontam o magistral tratamento dado ao texto da telenovela, cuja graça, poesia ou acidez estão a serviço de idéias que tinham uma flagrante relevância naquele final de anos 80. Aí está uma das diferenças mais perceptíveis entre ela e o grosso da teledramaturgia de hoje. A situação capenga do Brasil sobressai-se em “Vale Tudo”, servindo como dínamo das ações de boa parte das personagens. A situação dramática do país coopera para a construção de episódios intensos e verossímeis. Conhecendo o contexto da época –recriado tão bem – não é difícil nos flagrarmos dando razão à filha desnaturada quando ela afirma que ninguém poderia progredir naquela situação valendo-se da honestidade. Também não é difícil nos surpreendermos sendo coniventes com o mocinho quando ele decide recomeçar a vida no estrangeiro com os 800 mil dólares roubados que por acaso caíram em suas mãos.
A situação do país era grave e a essa telenovela não se contenta com soluções simplistas. Por isso, suas personagens são desdobradas em suas facetas positivas e negativas. Só quem escapa ao matiz é a lendária Odete Roittman (criada com perfeição por Beatris Segall), intrinsecamente má, de uma maldade obscena, ridícula – e, portanto, risível. “Vale Tudo” estabelece um sofisticado diálogo com a Sétima Arte, que não só dá as caras na trama em menções literais como inspira seus caracteres. Se Raquel é uma sensacional versão tupiniquim da cozinheira Mildred Pierce, (da película homônima de 1945) – mulher que mesmo depois de rica não consegue escapar ao preconceito da filha –; a personagem de Odete remete ao farsesco Hitler criado por Chaplin no “Grande Ditador” – basta lembrarmo-nos das constantes rajadas de frases num francês impecável que ela profere, fazendo-se tão incompreensível quanto o líder nazista satirizado pelo artista inglês. Ridícula mas, não obstante, perigosa, como são todos os megalomaníacos.
Ao tratar de modo tão complexo os homens e as relações que estabelecem entre si, “Vale Tudo” demonstra extremo respeito pelo espectador. A novela é miniatura da cidade onde se esbarram ricos e pobres, cultos e incultos e um turbilhão de pessoas de interesses dessemelhantes – e então, tem coragem de fazer esses vários discursos emergirem ao longo da narrativa. Quanta distância entre ela e os produtos pasteurizados da nossa teledramaturgia atual, repletas de vilães caricatos e de mocinhas casadoiras choramingas que nos dão, a cada estreia, a desagradável sensação de já termos “visto este filme antes”. Ao contrário das produções de hoje, “Vale Tudo” pressupõe um espectador adulto, aberto à reflexão. Sua reexibição, 22 anos após sua estréia, está deslocando o espectador de sua zona de conforto.
E, se não bastasse a assombrosa qualidade do roteiro, somos ainda presenteados com um dos elencos mais afinados de todos os tempos, o que só faz potencializar a qualidade do texto. Eu podia começar por qualquer um para comprovar a veracidade do que aponto, mas é minha obrigação moral concentrar-me em Regina Duarte. Verdadeira operária, Regina é sem dúvida quem mais aparece em cena, sempre excelente, inspiradora e digna de atenção. Quem a vê como a trabalhadora honestíssima Raquel esquece-se por um momento que ela já havia sido a passional Porcina (minha musa). Mais surpreendente é o quão rápido ela consegue nos convencer, na segunda fase da telenovela, que se tornara mulher rica – pintando uma elegância modulada pela simplicidade do que fora no passado. Com a cooperação de seu galã, compõe ainda umas cenas românticas inesquecíveis, nas quais consegue criar uma atmosfera de sensualidade que eu nunca vi semelhante na TV. Um exemplo patente é a cena em que ambos, depois do assentimento de Celina, voltam a deitar-se juntos pela primeira vez: uma cena quase teatral, quase posada, lindíssima, bastante eficiente por sugerir ao invés de desenrolar todo o ato aos olhos do público. É óbvio que tanto talento não ganhe espaço na teledramaturgia atual. Aqui, vale a frase de Norma Desmond, de "Sunset Boulevard": Regina, você é uma grande atriz. A televisão é que ficou pequena.
Mas, a contar pelos últimos acontecimentos, parece que nem tudo está perdido. O burburinho que “Vale Tudo” fomentou chamou a atenção para um grupo de excelentes artistas que a tempos não davam o ar da graça na TV. Nathália Timberg ganhou um espaço na novela das 8, Regina Duarte estreará em breve na macrossérie “O Astro”, Beatris Segall participou do (divertido) especial de Susana Vieira. Hoje mesmo, na Folha “Ilustrada”, Lauro César Muniz afirma que a teledramaturgia precisa ser modificada para não perecer. Assuntos palpitantes dos quais ela pode se apropriar é o que não falta. O problema é que agora a situação periga inverter-se. Acostumado à “produção em série”, é possível que o público rechace produções que se descolem dos lugares-comuns. A mesma Folha que publica a entrevista de Muniz constata que, quando “Roque Santeiro foi reprisada no Vale à Pena Ver de Novo (2000), chegou a perder em audiência para o Chaves. Esperemos para ver, sempre na torcida para que vença a qualidade.
O momento político torna possível a crítica direta, e aí não é mais preciso criar – como em Roque Santeiro – uma metáfora de cidade corrompida para se referir ao Brasil. Assim, o país mostra na tela a sua cara: toda ela, no que há em si de mais hediondo e de mais humano; de mais trágico e de mais engraçado. Como bem lembra Sílvio de Abreu em entrevista dada recentemente à revista Filme-Cultura, aquela era uma “época muito divertida dramaturgicamente”. A conturbada situação permitiu que se introduzisse nesta telenovela um elemento caro à arte desde muito tempo: a crítica social. Ainda mais se considerando o lugar peculiar que cabe ao seu gênero – obra aberta, que pelo seu imediatismo pode dialogar diretamente com o momento histórico no qual é criada, participando em sua modificação.
Os espectadores do século XXI não deixarão de tomar um choque de realidade ao serem confrontados, logo no primeiro capítulo da trama, com a datilógrafa que afana rolos de papel higiênico e sabonetes do banheiro da empresa onde trabalha para que, assim, possa ter esses produtos de primeira necessidade até o fim do mês. Antes do esgoto-Brasil de “Deus nos Acuda” (1992-3) tragar os ricaços, a merda em que viviam os brasileiros era ironicamente pintada em “Vale Tudo” pela ação da jovem que não tinha nem mesmo condição de comprar produtos para fazer sua higiene íntima. E isso enquanto, noutro canto do Brasil, a humilde agente de turismo deixava a casa que a filha lhe roubara, vendo ter sido vã a tentativa de ensinar à menina que, em tempos de crise, a honestidade ainda era o melhor caminho.
“Vale Tudo” está a anos-luz dos idílios-românticos-em-terras-estrangeiras que usualmente aparecem nas novelas das 8, os quais, de tanto que foram repetidos, já perderam todo o charme. Ao invés das gastas exóticas paisagens japonesas ou lugares turísticos notórios, tomados como cenário de não menos gastas histórias de amor fadadas à desgraça até que no último capítulo todos vivam felizes para sempre, “Vale Tudo” abre no escuro de um quarto e no final de um relacionamento onde sobram recriminações e tapas. A cena é dura como a realidade, porém, é escrita e encenada com tanto primor – o que, aliás, é uma constante na novela – que se torna bela.
O paradoxal é que essa maestria foi em parte fruto da necessidade, já que a Globo daquele tempo estava distante do domínio técnico que tem hoje. Daí os planos de conjunto e/ou stills da gente humilde carioca repetidos ad nauseam ao longo dos capítulos; daí as imagens escuras; as vacilações do elenco impressas em película; os constantes primeiros planos, que optam por flagrar os dramas internos das personagens em detrimento da cidade majestosa (mas repletas de contrastes tantas vezes deixados de lado pelas telenovelas atuais) na qual a história se passa.
Até mesmo a dificuldade prática da Globo de mandar para fora do país seu elenco converteu-se em um ganho dramático, já que os países estrangeiros considerados então símbolos da civilização (os Estados Unidos, a França, a Itália) não passam de miragens para o público, o que mimetiza a distância que separava o Brasil das potências do Norte – distância marcada não só em léguas mas nos cruzados que diariamente se desvalorizavam, afastando-se do dólar. A contingência cooperou para que esta telenovela construísse admiravelmente bem os personagens aproveitando-se de algo que tinha de sobra, que era o talento de gigantes do gênero: além dos já mencionado escritores e diretores, atrizes e atores como Regina Duarte, Antônio Fagundes, Glória Pires, Beatriz Segall, Lídia Brondi, Renata Sorrah, Lília Cabral, Natália Timberg – para ficar apenas neles e não me estender ao restante do sempre correto elenco.
“Vale Tudo” é um microcosmo da sociedade que bota em cena. Supera a divisão estanque da comédia de costumes quando decide não se restringir aos tipos, criando caracteres bem delineados, complexos como os homens, o que só faz aumentar seu potencial de crítica inteligente. Daniel Filho, que estapeia a personagem de Regina Duarte na cena que abre a produção, é também o pianista sonhador seduzido pela miragem do Primeiro Mundo. Numa de suas mais belas intervenções, descreve em detalhes ao amigo rico uma Nova Iorque que ele apenas conhecia na imaginação. Quando está em cena, enche a tela com sua presença agridoce, pontuada pelas canções de uma Broadway que ele nunca viria a conhecer pessoalmente e por sua tentativa de ganhar a vida com sua arte – algo praticamente impossível naquele momento.
Renata Sorrah dá corpo de forma admirável a uma frágil alcoólatra que constantemente luta para domar seus demônios interiores. Alguns o público conhece: a personalidade assertiva da mãe, que a esmaga; o medo de perder o esposo; o temor de que sua arte seja rejeitada. Outros, não, já que sua ultrassensibilidade é também um traço característico de sua personalidade. Traço que, aliás, é bastante bem definido pelo mordomo-cinéfilo Eugênio, que encontra analogia cinematográfica para todos. Se a ambiciosa Maria de Fátima é comparada à alpinista social levada à cena por Katharine Hepburn em “Alice Adams” (1935), Heleninha nos é primeiramente apresentada como a Judy Garland de 1952. Aproximação mais que perspicaz, não só por tomar o estado físico da atriz que retornava à ativa depois de um recolhimento numa clínica de recuperação, como para estabelecer uma aproximação entre ambos os estados psicológicos. A analogia coopera para a construção de uma personagem matizada. Seu vício não a torna unicamente digna de nossa piedade, já que sua sensibilidade lhe permite desempenhar algumas das cenas mais comoventes da novela: não há melhor exemplo do que aquela em que ela é indiretamente responsável por fazer com que Celina libere Raquel da promessa que fez de se afastar de Ivan, ao afirmar à tia que as pessoas mudam, cometem erros, portanto, não merecem ser julgadas.
Esses exemplos apontam o magistral tratamento dado ao texto da telenovela, cuja graça, poesia ou acidez estão a serviço de idéias que tinham uma flagrante relevância naquele final de anos 80. Aí está uma das diferenças mais perceptíveis entre ela e o grosso da teledramaturgia de hoje. A situação capenga do Brasil sobressai-se em “Vale Tudo”, servindo como dínamo das ações de boa parte das personagens. A situação dramática do país coopera para a construção de episódios intensos e verossímeis. Conhecendo o contexto da época –recriado tão bem – não é difícil nos flagrarmos dando razão à filha desnaturada quando ela afirma que ninguém poderia progredir naquela situação valendo-se da honestidade. Também não é difícil nos surpreendermos sendo coniventes com o mocinho quando ele decide recomeçar a vida no estrangeiro com os 800 mil dólares roubados que por acaso caíram em suas mãos.
A situação do país era grave e a essa telenovela não se contenta com soluções simplistas. Por isso, suas personagens são desdobradas em suas facetas positivas e negativas. Só quem escapa ao matiz é a lendária Odete Roittman (criada com perfeição por Beatris Segall), intrinsecamente má, de uma maldade obscena, ridícula – e, portanto, risível. “Vale Tudo” estabelece um sofisticado diálogo com a Sétima Arte, que não só dá as caras na trama em menções literais como inspira seus caracteres. Se Raquel é uma sensacional versão tupiniquim da cozinheira Mildred Pierce, (da película homônima de 1945) – mulher que mesmo depois de rica não consegue escapar ao preconceito da filha –; a personagem de Odete remete ao farsesco Hitler criado por Chaplin no “Grande Ditador” – basta lembrarmo-nos das constantes rajadas de frases num francês impecável que ela profere, fazendo-se tão incompreensível quanto o líder nazista satirizado pelo artista inglês. Ridícula mas, não obstante, perigosa, como são todos os megalomaníacos.
Ao tratar de modo tão complexo os homens e as relações que estabelecem entre si, “Vale Tudo” demonstra extremo respeito pelo espectador. A novela é miniatura da cidade onde se esbarram ricos e pobres, cultos e incultos e um turbilhão de pessoas de interesses dessemelhantes – e então, tem coragem de fazer esses vários discursos emergirem ao longo da narrativa. Quanta distância entre ela e os produtos pasteurizados da nossa teledramaturgia atual, repletas de vilães caricatos e de mocinhas casadoiras choramingas que nos dão, a cada estreia, a desagradável sensação de já termos “visto este filme antes”. Ao contrário das produções de hoje, “Vale Tudo” pressupõe um espectador adulto, aberto à reflexão. Sua reexibição, 22 anos após sua estréia, está deslocando o espectador de sua zona de conforto.
E, se não bastasse a assombrosa qualidade do roteiro, somos ainda presenteados com um dos elencos mais afinados de todos os tempos, o que só faz potencializar a qualidade do texto. Eu podia começar por qualquer um para comprovar a veracidade do que aponto, mas é minha obrigação moral concentrar-me em Regina Duarte. Verdadeira operária, Regina é sem dúvida quem mais aparece em cena, sempre excelente, inspiradora e digna de atenção. Quem a vê como a trabalhadora honestíssima Raquel esquece-se por um momento que ela já havia sido a passional Porcina (minha musa). Mais surpreendente é o quão rápido ela consegue nos convencer, na segunda fase da telenovela, que se tornara mulher rica – pintando uma elegância modulada pela simplicidade do que fora no passado. Com a cooperação de seu galã, compõe ainda umas cenas românticas inesquecíveis, nas quais consegue criar uma atmosfera de sensualidade que eu nunca vi semelhante na TV. Um exemplo patente é a cena em que ambos, depois do assentimento de Celina, voltam a deitar-se juntos pela primeira vez: uma cena quase teatral, quase posada, lindíssima, bastante eficiente por sugerir ao invés de desenrolar todo o ato aos olhos do público. É óbvio que tanto talento não ganhe espaço na teledramaturgia atual. Aqui, vale a frase de Norma Desmond, de "Sunset Boulevard": Regina, você é uma grande atriz. A televisão é que ficou pequena.
Mas, a contar pelos últimos acontecimentos, parece que nem tudo está perdido. O burburinho que “Vale Tudo” fomentou chamou a atenção para um grupo de excelentes artistas que a tempos não davam o ar da graça na TV. Nathália Timberg ganhou um espaço na novela das 8, Regina Duarte estreará em breve na macrossérie “O Astro”, Beatris Segall participou do (divertido) especial de Susana Vieira. Hoje mesmo, na Folha “Ilustrada”, Lauro César Muniz afirma que a teledramaturgia precisa ser modificada para não perecer. Assuntos palpitantes dos quais ela pode se apropriar é o que não falta. O problema é que agora a situação periga inverter-se. Acostumado à “produção em série”, é possível que o público rechace produções que se descolem dos lugares-comuns. A mesma Folha que publica a entrevista de Muniz constata que, quando “Roque Santeiro foi reprisada no Vale à Pena Ver de Novo (2000), chegou a perder em audiência para o Chaves. Esperemos para ver, sempre na torcida para que vença a qualidade.
40 comentários:
Nossa, Dani! Escrevi um comentário IMENSO sobre seu post e apagou tudo! :~~
Maravilhoso o texto sobre essa maravilhosa novela! Vale Tudo é infinitamente mais atual que qualquer produção da teledramaturgia tupiniquim dos últimos ano. A direção de Denis Carvalho, o texto elegante e ironico de Gilberto Braga (aliado ao popularesco característico de Aguinaldo Silva), e esse elenco soberbo, muito bem colocado por vc como um dos melhores da história.
E o que é Lidia Brondi? Já havia ouvido falar dela, e de como sumiu repentinamente das telas, e como ela faz falta! Adoro sua personagem e torço por um final feliz, ela é a grande mocinha da história, junto com a sofrida Raquel.
E falando no papel imortalizado por Regina Duarte, essa foi a primeira vez que gostei da "namoradinha do Brasil" em alguma produção. Vi "Por Amor" e "Chiquinha Gonzaga" noViva também, e achei seus desempenhos um tanto quanto forçados/caricatos. Raquel Acioly lhe caiu como uma luva, e foi um personagem à altura de seu carisma. Ela nunca esteve tão natural em cena (ok, não vi tudo o que Regina fez, mas, das coisas que vi, posso dizer que Vale Tudo é seu grande desempenho).
E o que é a dobradinha que ela faz com Antonio Fagundes? Só não digo que é a melhor que já vi, porque prefiro o duelo travado por Fagundes e o saudoso Raul Cortez em O Rei do Gado, tbm reprisado pelo Viva.
Ah, e amei as analogias que vc fez com os grandes personagens do cinema e os personagens de Vale Tudo. O mordomo Eugenio ficaria orgulhoso!
Beijinhos, Dani! Parabéns pelo post, já virou o meu texto preferido do seu blog!
Essa telenovela é uma obra-prima. Não entendo como Gilberto Braga hoje alimenta uma coisa enfadonha como Insensato Coração. O elenco de Vale Tudo é extraordinário. Sempre lembrarei das atuações de Renata Sorrah e Beatriz Segall. E Lidia Brondi? Que atriz! Que bela!
Post muito bom, amiga.
Abraços,
www.ofalcaomaltes.blogspot.com
Adorei essa resenha,
Quase não vemos blogueiros abordarem telenovelas, ótima lembrança a sua. Essa ai entrou para historia brasileira com seus personagens extremamente atuais e as perguntas que não queriam calar: Quem matou Odete Roitman? Heleninha vai virar mais um copo de whisky e pular da janela? Maria de Fátima vai dar outro golpe na mãe?
Com sua postagem resolvi ler mais algumas curiosidades sobre a novela e vi uma coisa super interessante, no dia da exibição da morte de Odete, em pleno sábado de Natal, a novela registrou 81, gente, isso hoje não existe mais!!!!
Muito interessante sua postagem, amei mesmo!!!!!
Olá, pessoal!
Primeiro quero agradecer pelos comentários de vocês.
Camila, um agradecimento especial pra você por ter compartilhado este post no Facebook. Nunca antes na história desse blog um texto se espalhou tão depressa. De ontem de noite até hoje de manhãzinha, já havia sido compartilhado 13 vezes (é o meu número de sorte...).
Bem, a culpa disso é sem dúvida do objeto. Como disse o Antonio, "Vale Tudo" é uma obra-prima. O fato de levantar debate e curiosidade é sintoma de que o público (ao menos uma parcela dele) deseja que as coisas na televisão mudem pra melhor.
Nos comentários, vocês apontaram questões que dariam assunto pra outro post.
Camila e Antonio, vocês destacaram a Lídia Brondi, que mal tive tempo de mencionar. Aliás, deixei tantas coisas de lado... Camila, sou fã inveterada da personagem desempenhada pela incrível Lídia Brondi. Que banho que Solange Duprat dá nas mocinhas insossas das novelas de hoje. Que mulher hoje pode se identificar com essas personagens que ficam se lamentando porque "Não sei como essa gravidez foi acontecer! E ele não quer assumir o filho."? (minha mãe está aqui sugerindo pílula e camisinha, coisa que todas as meninas de 10 anos já sabem). Solange diria: "Eu estou procurando um pai para o meu filho, não um namorado.". Que maravilhosa sacada!
Não vi "Chiquinha Gonzaga", Camila e, pelo que me lembro, vi poucos capítulos de "Por Amor" (como você sabe, não tenho TV por assinatura, portanto, estou tomando um atalho pra ver "Vale Tudo"). Quando "Pelo Amor" foi veiculada, não me interessei muito por ela porque achei sua premissa muito artificial. Claro que é possível que uma mulher entregue seu filho para a filha que não mais poderia ter bebês, mas, como diz o Aristóteles, às vezes uma mentira é mais verossímil que a própria realidade.
Penso que o grande problema das novelas das 8 de hoje é que elas decidem botar em primeiro plano a elite (que é "mais bonita", "mais chique", atrai mais olhares do público e torna possível mais merchandising). Mas, te confesso que os dramas vividos pela elite simplesmente não me comovem. Por isso, das mais recentes novelas nas quais Regina Duarte atuou, preferi "Páginas da Vida", que trazia pra debate um problema muito mais verossímil. Regina acerta o passo da personagem bem rápido, e consegue atuar ao lado da menininha sem mostrar piedade por ela (o que é difícil vermos na relação entre as crianças especiais e os adultos ditos "normais"). Mas o problema é que a novela era deprimente: o abandono da menina pela avó; a luta de Helena pela guarda da filha; sem contar os outros núcleos - a tortura psicológica a que a personagem de Lília submetia o neto; a menina bulímica atormentada pela mãe. Era tudo levado muito a sério, o espectador não tinha chance de escapar. Tanto que o povo daqui de casa fugiu dela várias vezes, prevendo que passaria uma hora tendo de segurar o choro...
"Vale Tudo" faz algo fundamental: rir (com classe) do nosso ridículo. Acho que você tem toda razão, Camila, ao apontar a mistura de estilos de Braga e Silva para o sucesso da novela.
continua...
Antonio, sério que "Insensato Coração" é de Gilberto Braga? Que mico... Pelo pouco que aguentei ver da novela, vi que ela só faz ressaltar lugares-comuns. Não raras vezes a gente aqui de casa fica embasbacada com a pobreza dos diálogos e/ou situações encenadas:
O dinâmico piloto de avião fica paraplégico. O que ele diz? "O maior problema não é eu ficar numa cadeira de rodas, pois sei que conseguirei me virar.". Sério, quem é que em sã consciência, recém-saído de um acidente, diria uma coisa dessas? Isso está mais com cara de preleção.
E a mulher feita que se deixa dobrar pelo namorado que quer transar sem camisinha, não sem antes perguntar pra ele: "Você não está transando com mais ninguém além de mim, né?". Não é nem preciso se ter bola de cristal pra saber que ela vai terminar com uma DST e abandonada pelo rapaz... Oras bolas, o lugar da Rede Globo cumprir esse serviço público de educação sexual é na "Malhação", não no horário nobre.
E tem algo ainda pior: Camila Pitanga e Paola Oliveira são ambas boas atrizes e lindas. São escolhidas para as capas dos CDs com as trilhas-sonoras. Quem é que aparece na capa de "Insensato Coração Samba"? Camila Pitanga! Já estamos em 2011. Será que já não está na hora de abandonarmos esses infames estereótipos?
A melhor missão que a Globo poderia assumir neste momento era a contribuir na educação estética do público. Não estamos mais nos anos 80 em que uma telenovela conseguia atingir 81 pontos de audiência no Natal - como lembrou a Júnia - mas também não estamos diante de uma audiência inexpressiva: "Insensato Coração" atinge cerca de 30 pontos. Quem sabe quando Glória Pires botar pra quebrar as coisas não melhorem? Está certo que, com um roteiro do nível de "Insensato...", não dá pra se esperar milagres, mas estamos falando daquela que deu vida à sensacional "Maria de Fátima".
Bjs queridos, e obrigada pela visita.
Dani
PS: Camila, tô muito triste que o blogger tenha dado problema bem na hora que você ia postar seu texto. Se puder, volte aqui e diga mais do que você tinha escrito!
Ah, Daaaaaaaaani... Eu sou uspeito pra falar dessa tua PRI-MO-RO-SA
blogada!!! Como vc escreve bem!!! (Um dia eu chego lá...) As citações de cinema nessa blogada, que é de novela, estão supimpa!!!!
Vc sabe que eu ADORO suas saborosas dicas, não é?
COM CERTEZA, entrou mais um pra minha listinha de prioridades
cinematográficas!!! Esse "Mildred Pierce" de 1945... Inclusive,
V-O-C-Ê me deu com essa dica uma ótima ideia pra blogar no
eternamenteregina, sabia??? Em breve, estarei falando desse filme por lá! Muito grato!
Enquanto eu estava lendo essa parte em que vc fala do "Mildred...", me veio à cabeça um filme antigo, americano (creio eu), preto e branco, que vi muito tempo atrás, talvez há mais de 15 anos (ou mais) de uma cozinheira, gorda e negra, como a empregada de Scarlett O'Hara (vc já deve ter falado nela aqui ou não? Deu-me agora a maior vontade de parar tudo e procurar sobre ela aqui...)! Essa cozinheira sobe na vida (não me lembro exactamente como) e fica a vigiar uma moça branca (creio ser sua filha)
sem coragem para abordá-la... Não me lembro também o desfecho só
que a cozinheira numa das cenas finais chora muito... Será que o filme é esse????????
A citação cinematográfica mor de VLTD vem no seu final... Eu tinha, na época, acabado de ver pela primeira vez o filme "O Que Terá Acontecido a Baby Jane?" de 1962 com a Bette Davis e a Joan Crawford onde uma parece tentar matar a outra mas no fim descobre-se que quem jogou o carro em cima da irmã para matar foi a que parecia ser a vítima da história... mais ou menos esse é o drama de Heleninha Roitman que teria atropelado e matado o irmão, mas (tchan, tchan!) no final descobre-se que foi Odete, a (bruxa) mãe, quem estava ao volante!!!
Bom, realmente, eu gosto muito (principalmente a primeira fase) da novela "VaLe TuDo" (já deu pra perceber, né??? Rs!) e a julgo uma das 'topmais' que foram exibidas na televisão brasileira!!! Com a aproximação da reta final da
exibição de sua reprise no Canal Viva, já vinha pensando há
alguns dias numa blogada especial de fechamento para pôr lá no BLOG,
e quero informá-la, Dani, que ACABO DE ENCONTRAR: O que vc escreve a respeito da (minha) Rainha Regina (suspeitíssimo) é de emocionar!!!! Eu estava pensando em algo diferente mas, claro, se vc autorizar, com o devido crédito, gostaria de reproduzir essa parte do teu texto em que vc fala da Regina lá no eternamente..., pode ser?
Muito, muito, muito obrigado!!!!! Desejo muito mais inspiração para novas belas blogadas como esta aqui!!!!!!! (!!!) UFA! Um bjo!
Edison Eduardo d:-)
Dani, verdadeira obra prima esse seu post sobre VALE TUDO!
Não me canso de falar que essa novela foi a inspiração prá eu vir morar no Rio em 1996. Falava prá mim mesma: Nem que seja prá vender sanduíche na praia como a Raquel, eu irei morar no Rio sim!!!
Esse personagem da Regina (FANTÁSTICA ATRIZ) só vem reforçar o que está faltando atualmente nas tramas. Como diz Daniel Filho, FALTA EMOÇÃO... Meu VIVA de hoje é prá você. Beijo grande...
Oie, Edison!
Querido, muitíssimo obrigada pelas palavras. Depois de um elogio desses, você pode usar a parte que quiser do post! Estou brincando - na verdade, ficarei honrada se você utilizá-lo, viu! Minhas palavras sobre Regina são muito verdadeiras.
Agora, os pontos que você levantou. "Mildred Pierce" é um filme imperdível. É, digamos assim, o "Vale Tudo" de Joan Crawford (por sua atuação ela ganha merecidamente o Oscar de melhor atriz). O chato é que ele não está disponível por aqui, mas posso fazer pra você uma cópia da minha cópia, o que me diz?
Sobre "Baby Jane", quando o assunto da morte do irmão de Helena passou pra primeiro plano, eu também pensei nesse filme (que é sensacional, porque caminha todo o tempo na linha divisória entre o melodrama e a farsa).
Sobre esse filme que você mencionou, fizemos um brainstorm aqui em casa e não conseguimos nos lembrar dele. Achamos que é um filme mais recente, porque os negros não tinham espaço no cinema clássico americano. Mas conte mais dele que continuamos pensando a respeito!
Agora, "Vale Tudo" me fez descobrir algo que pensei que seria impossível: uma telenovela tão sensacional quanto "Roque Santeiro". Porcina continua sendo a minha personagem preferida de todos os tempos, mas estou adorando a Raquel.
Bjinhos e inté mais
Dani
Dani,
adorei seu post. Além de super bem escrito, ele vai ao encontro de muitas coisas que eu penso sobre a dramaturgia nacional, principalmente com meu incômodo com a mesmice, com esses "folhetins" que começam em belas paisagens, com carinhas bonitas mas sem roteiro nem interpretação consistentes.
Isso tornou a telenovela sinônimo de produção cultural menor, quando de fato é um meio de comunicação e ficção poderoso e interessante, mas subaproveitado no momento.
Tenho esperança de dias - e dramaturgos e atores - melhores...
Oi, Dani!!!! Porcina é a minha preferiada SEM DÚVIDA!!!! Por causa dela A-M-O Regina até hj! Na época, foi um FENÔMENO realmente (deu 100% de Ibope), parava o Brasil e mexeu com a minha cuca (e olha que eu era ainda um bebê saindo das fraldas, eheheh)...
Agradeço por deixar-me usar o teu texto! mais perto dos capítulos finais estarei fazendo a blogada! Obrigado mais uma vez!!!!
Ah, sim, se puder mandar ou trazer na próxima vinda ao Rio uma cópia do "Mildred..." pra mim, agradeço! Vejo sempre quando posso o "Baby Jane" na tevê... Tem um canal a cabo que vez ou outra passa... Eu ADORO esse filme!!!! É uma obra-prima!
Realmente, não me lembro de muita coisa do filme da mocinha branca que tinha a negra atrás dela... Possivelmente, não era a mãe... Talvez de criação ou uma babá... Lembro que tinha uma LOJA onde se desenrolava algumas cenas, a mocinha trabalhava nessa loja... Pode ser que eu esteja errado...
Sua mãe tb é expert em filmes clássicos? Fico imaginando vcs duas fazendo o 'brainstorm', kkk! mande uma bjoka pra ela e outra muito especial pra vc!!!
Dani, uma das minhas escritoras preferidas (séeeerio)
vai lá ver o blog homenageado da semana, que é o Vintage, da Junia. http://blogsdecinemaclassico.blogspot.com/2011/04/blog-da-semana-vintage.html
Essa novela fez história na televisão! O autor dela, nem de longe fez algo melhor até hoje.
Márcia, Lia, Carla, M., fiquei muito feliz com a visita de vocês!
Márcia, eu não sabia que sua ida ao Rio foi impulsionada pela novela, mas entendo perfeitamente. A mulher segura à qual Regina deu vida certamente influenciou muita gente. Eu, que na época era pequena e não vi a novela, sinto-me voltando no tempo. E estou adorando isso, mesmo essa sendo a época em que a gente precisava correr para o mercado de manhã pra comprar os produtos que seriam novamente remarcados de tarde; ou ia na surdina no mercado, depois que ele fechava, pra comprar bebidas com ágio (dessas coisas eu me lembro bem). Acredita que na época precisamos comprar um freezer? Com a falta de carne e os preços lá em cima, meus pais e tios compravam um boi inteiro de um fazendeiro conhecido da família - carne para vários meses. A novela está me fazendo olhar com nostalgia pra pindaíba em que vivíamos. Engraçada a força da arte de organizar o momento histórico de um jeito que o torna suportável e até sedutor.
Edison, você perguntou se minha mãe gosta dos clássicos? Menino, foi ela que me levou pro mal caminho... Coitadinha, deve estar arrependida, porque agora está tendo de conhecer todos os mudos também... Então, nosso brainstorm não levou a gente pra lugar nenhum ainda. Vou apelar para uma amiga minha que é minha mentora em assuntos de download de clássicos - quem sabe não damos sorte? Quanto ao uso do post, já sabe, fica à vontade! E o filme eu te mando com prazer (e com uma legenda em espanhol!). Manda seu endereço pro meu e-mail! E sobre Roque Santeiro... Bem, Porcina morará para sempre no meu coração (piééégas...).
Lia, obrigada pelas palavras! Os dramas da elite tematizados nas novelas atuais não te aborrecem também? A televisão é tão popular, e já provou muitas vezes que tem toda a condição de transformar seu produto em arte. O problema é que ela ficou muito politicamente correta. Não pode falar mal das instituições públicas porque senão é repreendida; precisa cumprir uma "responsabilidade social" que é muitas vezes confundida com aula de boas maneiras/ de religião etc. E tem medo de se desviar um milímetro desse programa temendo, sei lá, que o público não entenda a mensagem? que as instituições critiquem a ousadia de questioná-las? Eu estou apostando que "Vale Tudo" reinaugurou os bons tempos da telenovela. Vamos ver!
M., tô longe de conhecer todos os trabalhos dos autores de "Vale Tudo", mas só por ela eles merecem que a gente tire nosso chapéu, não?
Carla, não entendi bem o que você disse. Está se referindo a mim? Estou envaidecida. Já passei lá no blog deixando os parabéns supermerecidos pra Júnia. Acho o blog dela o máximo!
Bjos, pessoal!
Dani
Parabéns Dani pelo belo texto.
Curto Regina Duarte desde 1969 (Véu de Noiva) e a partir daí passei a acompanhar seus trabalhos em televisão e teatro. Passei minha adolescência comprando revistas sobre tudo o que se referia a carreira dela e sua vida pessoal. A última vez que a vi pessoalmente foi na ocasião da peça HONRA (2001). Tenho uma profunda admiração por ela, jamais existirá outra igual ela é simplesmente incomparável. Estou revendo a Novela Vale Tudo. A Raquel é meu personagem preferido entre todos que a Regina interpretou por sua força, superação e otimismo e têm me ajudado a me equilibrar na fase que estou passando atualmente.
Não dá para entender o longo tempo que Regina ficou afastada das novelas. Que bom que está retornando agora em julho (O ASTRO)depois da curta aparição em Araguaia. Tenho compensado a saudade com as reprises de Vale Tudo, Chiquinha Gonzaga e Por Amor.
Regina é nossa diva, nosso ícone e nossa inspiração maior, ela, com sua simpatia e sorriso nos faz acreditar num mundo melhor. Regina tem seu lugar gravado na história das artes ela é referência e seu nome está diretamente ligado a tudo que mais audiência dá na televisão nas últimas décadas.
Olá, Rosangela.
Obrigada pelos parabéns!
Gostei muito de ler seu depoimento. Incrível saber que você acompanha o trabalho da Regina há mais de 40 anos, assim como conhecer o papel importante que a Raquel está desempenhando na sua vida neste momento - a partir de agora, estou torcendo para dois finais felizes: o dela e o seu!
Concordo com tudo o que você diz sobre Regina. O afastamento dela da TV deixa claro que a telenovela não é mais a mesma. Estou, como disse acima, na torcida para que as coisas mudem. Parece que o retorno da Regina e de outros grandes artistas está acenando para essa mudança, não é?
Bjos e obrigada pela visita. Cuide-se bem!
Dani
Pode deixar, dani... Já estou por dentro das últimos comentários daqui!!!! Obrigado por mandar os filmes, vou adorar, gostaria de retribuir de alguma forma... Manda aquele bjão grandão pra sua mãe!!!!! Edison
Oi, Edison!
Não se preocupe que não vai dar trabalho. E minha mãe está mandando um beijo de volta!
Rosangela, se você passar por aqui novamente, entra em contato com o Edison que ele quer lhe pedir um favor.
Bjs
Dani
Dani, obrigada pelas palavras de incentivo.
Entrei em contato com o Edison pelo meu orkut.
Um abraço
Excelente texto!
Se eu tenho um filme de cabeceira (E O Vento Levou - citando sua grandeza), também tenho a minha telenovela, obviamente Vale Tudo!
Eu gosto do tratamento técnico que você aponta muito bem no texto. Nunca tinha visto uma primeira cena no escuro e com um tapa na cara. Impossível esquecer Regina Duarte e Daniel Filho em cena.
O Eugênio (grande Mamberti que já tive o prazer de conhecer) é um dos meu favoritos quando faz relações cinematográficas.
Brasil mostrou a sua cara nesta trama. Acho difícil isso voltar acontecer já que ultimamente o país anda um tédio e as tragédias recentes não são nem dignas de uma explicação.
Naquela época o Brasil sofria por razões mais sérias...ainda era coisa séria também.
Bjs.
RODRIGO
http://cinemarodrigo.blogspot.com/
Rosangela, vai dar tudo certo! Se quiser bater um papo, apareça por aqui.
Rodrigo, agradeço o elogio!
A primeira cena é sem dúvida uma das melhores (aliás, concordo contigo sobre a qualidade das cenas protagonizadas por Regina e Daniel). Mas "Vale Tudo" está tão cheia de cenas excelentes que é difícil escolher as melhores...
Sabe, não sabia dessa relação entre personagem e pessoa no que toca a Sérgio Mamberti (que está magnífico em cena).
Sou obrigado a concordar em parte com sua opinião sobre o Brasil. Naquela época pouco posterior à ditadura havia uma gana de mudança que escorreu pelo ralo. Política perdeu o teor dramático - não passa de uma piada de mau gosto que ninguém quer ver ser trazida para a cena (anos de corrupção empurradas pra debaixo do tapete aos olhos de todos fizeram com que nos acostumássemos à ideia de que tirar vantagem é inerente à política, que nem faz tão mal assim - contanto que o fulano "roube mas faça").
Porém, se desse mato não sai coelho, acho que há outros assuntos esperando noutros lugares. Só é preciso que a vista dos teledramaturgos se estenda para além do Leblon e do Recreio.
Agora vou visitar seu blog!
Bjs
Dani
Quando comecei a assistir a mini-serie Mildred Pierce on HBO, com kate Winslet, comecei a relembrar Vale-Tudo.
Comecei a ver as semelhancas da mini-serie com a novela Vale-tudo. Foi Vale-Tudo inspirado em Midred Pierce filme?
Vale-Tudo foi a ultima novela que assisti no Brasil, no inicio achei que era pura coincidencia, mas depois vi que eram muitas as coicidencias.
Vale-Tudo, parece ter toda a integra do filme. Apesar de ter sido esticada ao ponto de de poder criar novos personagens em diferentes situacoes e locais.
Os pricipais personagens parecem ter saido do filme.
Mildred Pierce - Raquel Accioli
Veda Pierce - Maria de Fatima
Monte Beragon - Cesar Ribeiro
Bert Pierce - Rubinho
Ida - Poliana.. e por ai vai
Me lembro em Vale-Tudo o mordomo Eugênio, que sempre fazia comparacoes de Maria Fatima aos personagens de filmes Americanos que assistia.
Agora fico a pensar: sera que ele fez alguma referencia de Veda Pierce e Maria de Fatima?
.
Oi, Loucohigh.
Sabe que eu nunca havia ouvido falar nessa série com Kate Winslet? Vou procurá-la.
Não acredito que seja o caso de considerar "Vale Tudo" uma versão esticada de "Mildred Pierce" - falo aqui especialmente do filme da Joan Crawford, já que não conheço a série.
"Mildred..." é um (bom) melodrama, explora todos os ingredientes do gênero:por exemplo, divide os personagens estritamente entre bons e maus, o que não acontece na telenovela; concentra o enredo num núcleo pequeno, o que torna Veda Pierce ainda mais odiosa - ela chega a se tornar amante do esposo da mãe; além disso, a confidente de Mildred existe em função ela, é meramente uma escada (como é típico desse gênero cinematográfico).
A novela, dado o seu gênero, precisa desenvolver outros núcleos que não têm necessariamente relação com o principal. "Vale Tudo", como é uma olha-prima do gênero, desenvolve-os bem. A personagem de "Poliana", por exemplo, não vive em função da de Raquel. Outra diferença é que o contexto histórico exerce na novela um papel que não têm no filme - é a situação do Brasil recém-democratizado e mal das pernas que deflagra as ações das personagens, enquanto que o filme poderia se passar em qualquer tempo e lugar.
Eu não chamaria a relação com de "Mildred Pierce" de cópia, mas sim de influência (pode ser até que inconsciente), vinda de autores que tiveram formação cinematográfica sólida. Também fico prestando a atenção pra ver se há alguma menção explícita ao filme. Por enquanto não encontrei (o que acho ótimo porque isso tiraria dos espectadores o divertimento de encontrar as referências). Além de Alice Adams, Fátima também já foi comparada por Eugênio a Eve de "A Malvada" - outra referência bem no ponto, porque ambas são atrizes tão exímias que conseguem enganar todos ao seu redor (eu vibrei com a assertiva de Fátima quando foi desmascarada: "Eu acho que mereço os 2 milhões porque consegui fazer com que ele acreditasse por quase 2 anos que eu estava apaixonada por ele" - ela aqui se coloca como atriz que deve ser recompensada por seu bom desempenho, o que é uma sacada sensacional).
Obrigada pela visita e por comentar!
Dani
Lidia Brondi deixou a carreira artistica e agora é psicologa. Esta casada ha 18 anos com Cassio Gabus Mendes.
http://www.painelnoticias.com.br/noticia/2011/3/11/cassio_gabus_mendes_se_derrete_ao_falar_da_mulher_lidia_brondi
Excelente resenha sobre a obra prima de Gilberto Braga, que fez trabalhos excelentes em Dancin Days, Agua Viva, alguns anos atras Paraiso Tropical, mas infelizmente Insensato Coraçao parece estar imitando novela da TV Record.
Eu tambem adorava Silvio de Abreu nas novelas das 7 horas, depois que ele passou pro horario nobre, nunca + assisti.
Por coincidencia os 2 autores nos aureos tempos da ditadura militar eram mais inspirados. E os 2 autores sempre tem algum personagem que gosta de filme classico, pq eles admiram o genero.
Olha, numero 13 é seu numero de sorte, que perigo!!! pensei que seu numero de sorte fosse 45 :D
Oie, Cris!
Obrigada pelas palavras!
Fiquei sabendo que Lídia Brondi decidiu de repente deixar a telinha e se dedicar a uma profissão mais convencional. Deve ser dureza aguentar as cobranças, disputas e demais firulas do meio artístico - especialmente para alguém que começou nele ainda novinha, como aconteceu com ela.
De Gilberto Braga, tenho curiosidade de ver "Dancing Days". "Insensato..." por enquanto está sendo uma bola fora - "Ribeirão do tempo", da Record, dá de dez nela...
Sobre as referências cinematográficas, bem, hoje não as vemos nas telenovelas. Quando aparecem, ficam bobas (lembra da Aline Moraes imitando a cena final da Norma de "Sunset Boulevard"?).
Agora, sobre "Mildred Pierce": Loucohigh comentou que "Vale Tudo" parecia uma versão estendida daquela produção. Fui atrás da série (comemorando, porque pensei que Kate Winslet - um de meus ídolos - havia abandonado a carreira depois de ganhar o Oscar) e, pelo que pude ver até agora, parece que a influência foi inversa - essa versão de "Mildred..." é que sofreu influências de "Vale Tudo". No filme dos anos 40 ainda estava em voga o studio system, então Joan Crawford, mesmo quando desempenha uma mulher pobre, parece uma versão das mulheres glamurosas que usualmente desempenhava (o que nem é uma crítica - porque ela está memorável no papel - e sim uma constatação). O filme tem um cheiro dos noir da época (a história começa com o homem sendo baleado e gritando "Mildred"), portanto, é no suspense que a história vai se concentrar e a partir daí é que será contada.
Joan é uma dona de casa que sobe na vida trabalhando na cozinha, mas ela é especialmente uma daquelas figuras femininas dos suspenses da época (como a Bette Davis de "A Carta", que, aliás, começa bem semelhante a "Mildred Pierce").
Regina Duarte aparece na primeira fase de "Vale Tudo" com sombrancelhas grossas, falando alto e com o penteado mais simples que se pode imaginar. O viés realista da história é muito mais forte que na versão cinematográfica dos anos 40, e é bem isso que acontece à personagem desempenhada por Kate Winslet agora.
Vi que muitos dos que acessaram o blog buscaram a relação entre Raquel e Mildred. Então, sugiro o artigo que Aguinaldo Silva acabou de escrever sobre o filme, no qual deixa explícita a influência que "Mildred Pierce" exerceu na composição das personagens de Raquel e Maria de Fátima.
http://www.aguinaldosilvadigital.com.br/2010/?p=2727
Até mais!
Dani
Olá.
Obrigada pela visita.
Como pedido, li o seu texto. Vale Tudo é uma das minhas novelas favoritas. Ela tem o dom de me cativar seja em que cena for (http://novelaspararecordar.blogspot.com/2008/09/melhores-novelas-de-sempre.html). Não é fantástica?
Ainda bem para os brasileiros que está a repassar. É o tipo de novela que pode passar sempre, é intemporal. Há uns anos escrevi que ela espelha a situação actual de Portugal e, agora, isto aplica-se ainda mais.
Tudo o que a novela aborda toca-me profundamente (http://novelaspararecordar.blogspot.com/2007/10/as-causas-sociais-e-as-novelas.html). Quando a vi era menina. Ainda não tinha a experiência de vida de adulto para entender certas coisas, nomeadamente, como funciona o mercado de trabalho, as cunhas, a exploração, o baixo ordenado, as injustiças, a capacidade a ser preterida pela imbecilidade... Você referencia, e bem, que Lília Cabral surge na novela a tirar da empresa e a levar para casa os sabonetes e papel higiénico, para ter esses artigos de higiene em casa porque o dinheiro não dava para tudo... e ela era secretária de uma grande empresa! Devia ganhar bem.
E os vilões? Essa novela mostra um pouco a coisa por um prisma diferente. (http://novelaspararecordar.blogspot.com/2009/08/viloes-com-sentimentos.html). Há alturas em que até compreendo Fátima. Mas sou totalmente Raquel. Ainda hoje estive a falar disso :) - a boa índole perde para outras? Acho que sim.
Volte sempre ao meu bçog também. Virei espreitar o que mais escrever sobre o assunto.
Abraço luso.
Oi, novelista.
Estou passando pelos textos que você indicou aqui enquanto respondo o seu comentário.
Concordo com sua afirmação sobre a novela ser intemporal. Às vezes os personagens de uma telenovela são tão bem construídos que escapam às classificações estanques, transcendendo a época em que foram criados. Isso sem dúvida acontece com "Vale Tudo", que trata da situação política e social do país de modo tão contundente. Ela também continua espelhando nossa realidade - se a situação do Brasil no concerto mundial melhorou, continuamos enfrentando a corrupção na política e ainda continua chorando menos quem pode mais.
E porque os personagens são tão complexos quanto a situação, às vezes a gente se pega concordando com a Maria de Fátima quando ela diz que, pra subir na vida, o pobre precisa fazer alguns cambalachos. Mas nem por isso deixamos de torcer para que a Raquel vença - do mesmo modo como torcemos para que o Brasil ultrapasse os percalços em direção a uma sociedade mais justa. Acredito que esse tipo de vilão dialoga muito mais com a sociedade do que os estritamente caricatos - e completamente irreais -, como o "Fred" e o "Saulo" de "Passione".
Concordo com o que você diz nos seus posts sobre o serviço social que a telenovela pode prestar. O problema é que, hoje em dia, a obrigação social é confundida com o didatismo - e aí vemos a telenovela transformada em escola (no pior sentido da palavra). Gostei, como você, do modo como "Explode Coração" tratou do desaparecimento das crianças (dezenas foram encontradas ao longo da novela). Agora, o "politicamente correto" estraga qualquer trama - assim como estraga as relações sociais. O que você fala sobre a personagem de Clarinha de "Páginas da Vida" me chamou a atenção de modo especial: romantizaram a situação da menina que tem deficiência intelectual. Quem enfrenta a situação de verdade sabe que o problema é conjuntural: não basta, por exemplo, incluir uma criança nessa condição numa sala de aula convencional para fazê-la se sentir incluída na sociedade; não basta tratá-la como um bibelô só porque ela é "especial", pois precisa ser educada como qualquer outra criança (e eu sei disso de cadeira, pode acreditar). Essas questões precisam ser discutidas de modo profundo para que a gente não comece a alimentar um preconceito inverso.
Adorei sua visita. Agradeço pela leitura do post!
Danielle
Daniele,
As novelas da Globo estão a prejudicar bastante a sociedade no sentido em que não transmitem de forma correcta as mensagens que querem passar. Ao invés de ajudar, estão a banalizar e a transformar tudo em cliché.
Cada vez que aparece uma cena (e as há em todas as novelas) de alguém sentado numa cadeira, em formação de roda, com voz fraca a dizer que faz não sei quantos dias que não consome - seja uma vítima de drogas, álcool, ou descriminação de género ou classe, já não consigo ver e mudo logo de canal, como aconteceu ontem num capítulo de Passione.
O "embrulho" que fazem em volta dessas questões é puro "copy-paste". Nem teriam de gastar dinheiro a contratar pessoas de uma novela para outra, bastava usarem sempre as mesmas cenas.
E são cenas demoradas, repetitivas, que quebram o ritmo da novela. Muitas só estão ali para alongarem os capítulos, nas alturas em que os autores não conseguem produzir ao ritmo desejado.
Isto banaliza os conteúdos e o espectador aborrece-se.
* Gostei desta nossa troca de palavras e virei espreitar mais vezes o seu blogue!
Novelista, está sendo um grande prazer conversar contigo!
Eu também tenho essa sensação de déjà vu quando assisto a uma dessas cenas em que o personagem abre seu coração na roda de um grupo de ajuda - quer seja ele viciado em drogas, cleptomaníaco, alcoólatra, ciumento, bipolar. É profundamente digno de piedade, não do personagem mas sim do autor (que carece de imaginação) e do público (que é obrigado a engolir a sequência)...
Tampouco consigo ver as cenas de amor, longuíssimas e que sempre mostram passo-a-passo, em tempo real, da sedução à consumação do ato. São apenas sequências protocolares, que não têm identidade com a trama - essa que, por sua vez, parece uma cópia da trama anterior e etc. Parece mentira que de telenovelas sensacionais como "Roque Santeiro", "Vale Tudo" e "Tieta" tenhamos decaído para o que hoje se veicula na TV.
Bjs e até logo!
Dani
Nooooooossa, Dani!!!!
Estou DEVERAS impressionado com os comentários que estão rolando aqui... Estou acompanhando T-U-D-N-H-O (passam das 4h da matina, um dilúvio caindo sobre a cidade do Rio de Janeiro, no rádio, tudo alagado, as pessoas presas nos lugares sem poderem se locomever e eu pondo minhas "virtualidades" em dia...
A-do-rei a indicação que vc deu do texto do Aguinaldo Silva sobre o "Mildred..." (lógico que vou botar alguma coisa a respeito em breve no BLOG), estou PASMO até agora, sabia??? Que blza! E pensar que estou com o filme aqui na minha frente, em mãos (WoW! Ansiosíssimo pra ver - ai, ai, ai, tempo!!!! ehehehe)...
Agradeço a indicação do loucohigh (é isso mesmo?) sobre a Mildred da Kate Winslet!!!! Vou ficar por enquanto com a Joan, certeza! Dei uma olhada nos textos do novelista tb...
Vi a indicação do texto da Psique tb (que bunitinhuuu) e concordo quando diz que tanto o Silvio de Abreu qto o Gilberto Braga dão show nas novelas pq são fãs de cinema... Apesar de "Insensato..." e "Passione"!!! Deve ser pq nessas duas faltou tal inspiração cinematográfica...
Bem, é isso!!! Não esqueci da blogada com o teu texto, vou usar com com certeza, qto a Rosangela, conversarei com ela a respeito de uma outra questão, mais tarde falo com ela!
Um bjão especial...
Edison
Dani, minha querida, tudo bem?
Participe da enquete pra sugerir os homenageados (atores, atrizes e diretores) de maio no nosso blog.
http://blogsdecinemaclassico.blogspot.com/
Nossa!
Eu sabia muito pouco sobre esta novela, melhor dizendo, não a conhecia. É sempre bom ficar a par deste conteúdo, ate porque já ouvi muitos comentários a respeito das novelas antigas e do quão boa elas eram. Acho que esse é o nosso forte. O problema é que com o passar do tempo, as novelas perderam esse brilho.Digo isso pois nunca paro pra assistir as que passam agora. Acho tão ... dispensável.
Com um elenco de peso como este, realmente deve ter sido ótima! É sempre bom vir a teu blog, aprendo muito!
Até mais.
Oi Dani,
Hoje assisti a um capítulo de "Vale Tudo". Como a novela já deve estar se encaminhando para o final (reexibição pelo Canal Viva), aproveitei, pelo menos, os símbolos da década de 80 - década que tanto me fascina -, como os penteados e cortes de cabelo, figurino, trilha sonora.
Vc tem razão, o elenco é dos melhores que já vi reunidos em uma novela da Globo. Gostei muito da atuação da Glória Pires, sempre achei ela uma atriz super versátil.
São muitas as referências ao momento histórico brasileiro dos finais dos anos 80, a começar pela própria abertura com a emblemática canção "Brasil", que se tornou hino de crítica sócio-política de nosso país.
Mais uma vez, adorei seu post.
bjos
Oi, queridos.
Queria começar agradecendo pelos comentários. É de verdade uma alegria ver esse post assim lido e comentado!
Carla, já passei lá pelo nosso blog coletivo e votei. É dureza escolher entre aqueles atores e atrizes. Apontei a Kate Hepburn e o Jimmy Stewart, porque acho que ambos são menos discutidos do que deveriam.
Rubi, Bruna, Edison, obrigada pela visita!
Edison, a chuvona que caiu no Rio anteontem chegou aqui hoje acompanhada do frio. Já estou com saudades dos dias claros...
Fico feliz que o problema no seu computador tenha se resolvido - já lhe disse que, quando estou sem net, me sinto na Idade das Trevas, né?
Olha, o loucohigh nos indicou uma série primorosa. "Mildred Pierce" (2011) é sensacional. Kate está como sempre ótima - fiquei muito feliz por vê-la depois desse tempo de ausência dela.
Quem quiser ver a série e não tiver acesso a TV a cabo (ou não tiver acesso à HBO) pode baixá-la pelo link abaixo (o arquivo precisa depois ser convertido de RMVB para AVI):
http://www.baixartv.com/download/mildred-pierce/
E, Edison, a Psique (minha amigona virtual carioca Cris) foi a responsável por eu ter visto a Mildred Pierce de Joan Crawford - foi ela que gravou o filme para mim!
Bruna, Rubi, fico feliz que meu texto as tenha empolgado a ver "Vale Tudo". Bruna, eu te disse que a novela era um estouro, né? Veja-a sistematicamente que você vai adorar!
Rubi, seu blog é uma graça! Vou visitá-la com frequência.
Bjos, pessoal.
Dani
Dani, querida. O Antonio Nahud indicou seu blog Filmes para ser o homenageado da segunda quinzena de maio. Depois entro em contato contigo. UIA! beijos
http://blogsdecinemaclassico.blogspot.com
Oi, Carla.
O Antonio é uma graça de pessoa. Fico honrada pela indicação!
Bjs
Dani
Aca en Perú yo creci con las telenovelas brasileñas. wow de los 80 a los 90 se hacian unas historias impresionantes y bien maduras. Hacia principios de los 2000 sólo una que otra he seguido. Cambiaron sus temas y ya no fue lo mismo. Saludos.
David, muchas gracias pela visita! Certa vez li que, em alguns países latino americanos, a telenovela brasileira era a preferida. Nossa telenovela dos anos 80 (especialmente) e 90 era um produto de altíssima qualidade - criativa, crítica, bem humorada. Pena que os elementos que davam graça às produções foram deixados de lado pela telenovela atual.
Gostei muito de conhecer sua opinião!
Abraços
Dani
Oi, Dani!!!!
Eu sei que eram características marcantes em filmes antigos: aquela abertura esplendorosa, com uma música geralmente em orquestrada, dando um certo ar de soberba e tal, mesmo assim, vendo hj, no caso ontem, fiquei fascinado com o início de "Mildred Pierce"!!! Finalmente o assisti!!!!
A primeira cena já um mistério com monte de tiros de revólver que não saiu da memória ao longo de todo o filme e, sabe?, EU N-Ã-O CONSEGUI descobrir quem comete o assassinato! Urgh!!!!! Isso mostra que o roteiro não é igual a nenhum outro... Nos filmes mais recentes, a gente logo mata a charada (eu pelo menos, sou craque nisso!) mas em Mildred, eu não consegui!!!
Realmente, se eu não soubesse da influência do filme em VLTD, seria quase impossível não lembrar da novela... Ponto seu por isso que assiste cinema de toda época!!! Legal mesmo!
Além do roteiro e do trabalho da Joan, prenmiado com o Oscar (creio que seja o segundo filme que assisti com ela na vida! Já vi em matérias da tv e tb li textos que disseram que ela teve uma vida familiar muito difícil e sofrida com os filhos e tal), a linda fotografia... Achei interessante algumas cenas de sombras... Em algumas elas contracenavam junto (como a do Wally preso na casa de praia, logo no começo do filme)... Essas prenderam a atenção!
E o AMOR incondicional de Mildred pela filha qua a fez quase cometer um suicídio no iniciozicinho do filme... Raquel perdeu seu homem por acreditar na inocência da filha inescrupulosa e Helena de POR AMOR abdicou de seu filho por causa do amor pela filha que acabara de perder um bebê...
As novelas não copiam só a vida... Copiam o cinema tb!!!!!! Rs! Um bjão, Dani... Depois eu comento a "Crazy Girl"!!!!!!
Oie Edison!
Sabia que você gostaria da "Mildred Pierce"! Aquele início é típico dos filmes noir rodados em Hollywood na época: atmosfera sombria, personagens dúbias (eu também não adivinhei quem era o bandido), glamour, paixão.
Isso acaba um pouco diluído no desenrolar da história. É um típico filme de Michael Curtiz, diretor experimentado em vários campos, dos musicais aos dramas e romances-arrasa-quarteirão (ele dirigiu "Casablanca"!), então, apoia-se com igual peso noutros gêneros. Aquela cena de Mildred na casa de praia é linda, clara, super romântica.
Nunca vi Joan Crawford tão bonita quanto neste filme, que é sem dúvida o melhor da carreira dela. Ela também não é uma das minhas atrizes preferidas e certamente não dava conta de qualquer papel. Hollywood a botou até pra cantar e dançar, bem como para fazer uns papéis ultra-melosos que não combinavam com a personalidade firme dela, então, deram com os burros n'água algumas vezes...
Tem muito de Mildred Pierce em Vale Tudo, não é? O amor e a confiança incondicional na filha, a dor pela traição são trabalhados com igual maestria nas duas produções. A influência de "Mildred..." em "Vale Tudo" só torna a telenovela mais notável. Um produto da cultura de massas imitando o que de melhor a cultura de massas já produziu: não tinha como dar errado!
Agora, Girl Crazy é um primor de leveza e bom-humor. Você vai adorar com certeza. Depois me conte mesmo o que achou!
Bjinhos, querido. Chegamos no comentário 39. Olha como esse post tá dando pano pra manga!
Dani
Ooooooi!
Cá estou eu de novo. Lembrei da Danielle porque estava a escrever no blogue sobre a novela "Cheias de Charme", que estreou esta semana aqui em Portugal. E pensei: o que será que a Daniele pensa desta novela? Será que concorda comigo? Sei que aí já acabou. Mas andei a pesquisar no seu blogue e não vi nenhuma referencia.
Pela omissão acho que vai concordar sim, eheh!
Convido-a a espreitar os últimos posts e a comentar se desejar. Tem outra novela passando aqui sobre a qual gostava de saber a sua opinião.
Há! E vai estrear já hoje "Guerra dos Sexos" - remake. Sei que aí já vai avançado, mas cá estreia hoje, na Globo Portugal.
Cumprimentos Daniele.
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